João Pessoa, 16 de maio de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ao abrir o e-mail e ver o resultado do exame, Murilo levou um susto. Aos 36 anos, o ponteiro foi flagrado pela primeira vez no antidoping. Em teste realizado no dia 10 de abril, entre as semifinais da Superliga, o jogador do Sesi-SP acusou positivo para o uso do diurético furosemida. Depois de alguns dias de silêncio, Murilo convocou uma coletiva de imprensa para se posicionar sobre o caso. Eleito melhor do mundo em 2010 e com anos de serviço à seleção, o jogador disse ter a consciência limpa.
– Estou com a consciência tranquila, minha preocupação é saber como isso deu positivo. Achei importante vir aqui e olhar nos olhos de vocês (jornalistas). Fiquei muito surpreso, recebi a notificação no dia 4 de maio, um dia depois do meu aniversário. Acordei, abri o e-mail e vi que tinha dado positivo. Não esperava, passei por inúmeros testes, em clubes e seleção, e sempre fiz os testes muito tranquilo – disse Murilo, que parecia abatido na entrevista, realizada na sede do Sesi-SP.
Todos os atletas fazem dois exames. O primeiro é aberto e, após o resultado, pode-se pedir a amostra B, que é a contraprova. A contraprova deve ser divulgada dentro de 15 dias. Até o momento, sem essa amostra B, Murilo ainda não está suspenso pois a violação só é confirmada depois da contraprova.
O exame foi feito em sua casa. Foi a primeira vez que Murilo passou por isso na carreira. Segundo o jogador, ele já havia sido testado em competições, em treinos com a seleção e até nos hotéis. Mas, em sua residência, foi a primeira vez:
– Quando representava a seleção, já sofremos exames surpresas. Na minha casa foi o primeiro, mas lá em Saquarema já tivemos. No hotel em volta de viagem, isso sempre existiu, é supernormal- disse.
Com a seleção brasileira masculina de vôlei, Murilo conquistou as medalhas de prata nas Olimpíadas de Pequim 2008 e Londres 2012, além de ter sido eleito o melhor jogador do Mundial de 2010. Ele foi cortado dos Jogos Olímipicos de 2016, no Rio de Janeiro, por opção do técnico Bernardinho.
Marcelo Franklin, advogado do jogador, já defendeu outros atletas do esporte olímpico, como Cesar Cielo, Ana Claudia Lemos e Etiene Medeiros. Na coletiva, ele não deu detalhes de como será a defesa do atleta:
– Diurético no volei não dá melhora de performance, isso, quando muito, prejudica. Vamos aguardar a amostra B. Se, por ventura, a amostra B confirmar, vamos apresentar uma defesa dizendo que não aumentaria a performance – disse.
O advogado não costuma deixar seus clientes falarem antes da divulgação da amostra B, mas para Murilo, abriu uma exceção:
– Não costumo deixar atletas falarem, mas esse caso é excepcional. Só existe uma amostra B, se confirmar a A. A imagem do atleta deveria ter sido preservada. Muitos clientes tinham resultados da amostra A, a B não confirmou e a imprensa nunca soube. O Murilo achou importante, em nome da carreira dele, falar com vocês – disse.
GE
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