João Pessoa, 25 de maio de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Uma modelo da Playboy foi condenada nos Estados Unidos por divulgar nas redes sociais a foto de outra mulher, nua, no banheiro de uma academia e ridicularizar seu corpo. Em julho do ano passado, Dani Mathers, então com 29 anos, compartilhou duas imagens da mulher, que é idosa, no aplicativo Snapchat ─ na segunda, ri e faz cara de nojo.
“Se eu não posso ‘desver’ isso, você também não pode”, escreveu a modelo em cima da imagem da mulher nua, em referência a seu corpo.
Acusada pela polícia de Los Angeles, na Califórnia, por invasão de privacidade, ela desistiu de alegar inocência. Seus advogados decidiram, após uma reunião com os promotores e o juiz, fechar um acordo e deixar de contestar a acusação.
Eleita “Coelhinha do Ano” em 2015, Mathers teve de escolher entre passar 45 dias na prisão ou fazer trabalho comunitário por 30 dias – ela optou pelo segundo e atuará na remoção de grafites nas ruas.
Como parte do acordo, ela ficará em liberdade condicional por três anos e está proibida de usar o celular “em qualquer lugar onde pessoas não estão vestidas ou esperam privacidade”, afirmou o juiz Gustavo Sztraicher.
A modelo também terá de manter uma distância de pelo menos 100 metros da vítima e pagar US$ 60 (R$ 197) de indenização.
“Dani está aliviada pelo fato de isso ter acabado”, afirmou seu advogado, Tom Mesereau. “Ela decidiu não contestar uma contravenção e não passará nenhum dia na cadeia por isso. Ela quer seguir em frente sua vida”, disse.
Ato ilegal
A mulher retratada na foto, cuja identidade não foi revelada, tem 70 anos. A imagem foi tirada sem o consentimento dela. Compartilhar a foto de uma pessoa nua sem a permissão dela é ilegal na Califórnia.
A divisão de ataques sexuais da Polícia de Los Angeles investigou o caso e procurou a mulher que foi fotografada. Além de se tornar alvo de um inquérito, a modelo foi demitida de seu emprego em um programa de rádio, teve a entrada na rede de academias permanentemente proibida e foi alvo de muitas críticas na internet.
Dani pediu desculpas pelo ocorrido e afirmou em sua defesa que divulgou a foto pensando que estava em uma conversa privada no Snapchat. No entanto, até o acordo judicial, segundo o jornal Los Angeles Times, o advogado Mesereau alegou que sua cliente não invadiu a privacidade de ninguém nem violou nenhuma lei.
Na época em que a decisão de levar a modelo a julgamento foi tomada, o procurador do Estado de Los Angeles, Mike Feuer, fez fortes críticas ao chamado “body shaming”, uma expressão em inglês que significa zombar de uma pessoa por causa de seu corpo. Segundo ele, atitudes como a de Dani são “humilhantes e, com frequência, resultam em consequências dolorosas e de longo prazo” para as vítimas.
Críticas no Twitter
Na ocasião, muitos internautas criticaram fortemente a modelo. Dani acabou deletando a imagem do Snapchat e resolveu se manifestar usando uma frase conhecida em casos como esses: “não foi isso que eu quis dizer”.
Depois de deletar a foto de seu Snapchat, ela também se desculpou pelo Twitter. “Não há desculpas (para o que fiz)”, escreveu ela na rede social. “Compreendo totalmente o alcance desse post, que eu feri muita gente, mulheres. Body shaming não é legal… não é motivo de piada.”
A modelo afirmou que a foto fazia parte de uma conversa particular que “nunca deveria ter acontecido”. Dani acrescentou ainda que “lamentava profundamente” por ter “ferido e ofendido todos vocês”.
A modelo também postou o pedido de desculpas em uma série de vídeos no Snapchat. “Escolhi fazer o que faço para viver porque amo o corpo feminino. E sei que body shaming é errado, que não é algo que faço, não é o tipo de pessoa que sou”, afirmou.
Ela encerrou seu pedido de desculpas à época dizendo: “preciso tirar um tempo agora para pensar na razão de eu ter feito essa coisa horrível”.
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OPINIÃO - 22/11/2024