João Pessoa, 29 de agosto de 2017 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A carreira de Ousmane Dembélé tem mudado rapidamente nos últimos dois anos. O jovem então com 19 anos, que saiu do Rennes, da França, por “apenas” 15 milhões de euros, não poderia imaginar que uma temporada depois se tornaria o reforço mais caro da história do Barcelona (105 milhões de euros, mais variáveis) e com a missão de substituir ninguém menos que Neymar.
Quando o Barcelona demonstrou interesse público em Dembélé, no começo de 2017, o trio de ataque do clube catalão ainda estava intacto: Neymar, Suarez e Messi esbanjavam entrosamento e ninguém imaginava que uma das peças poderia sair do time. Agora, é o francês que tem a missão de se adaptar rapidamente ao futebol espanhol e justificar o investimento.
Os números dos dois jogadores são bem diferentes. Neymar tem mais gols, enquanto Dembélé tem mais assistências. Foram 20 gols de Neymar em 45 jogos na temporada passada com a camisa do Barcelona. O francês marcou 10 vezes, mas deu 21 assistências em 49 jogos.
Dembélé tem o estilo leve como o de Neymar, joga pelas pontas, tem facilidade com o drible e se apresenta sempre na área para apoiar os atacantes. Chegou vestindo a camisa 11, que era do brasileiro. O próprio treinador Ernesto Valverde disse que o francês ajudará a “repor o que o time perdeu”. No caso, a peça do seu trio de ataque para que o esquema 4-3-3 possa voltar a ser visto.
“É um jogador que joga em profundidade e foi algo que perdemos e precisamos. Ele pode jogar pelos dois lados, pelo centro, é técnico. Esperamos que contribua muito. Esperamos muito dele”, disse o técnico logo depois da confirmação da chegada do atleta pelo Barcelona na última semana.
O francês agora com 20 anos, no entanto, não quer saber de comparações. Neymar, aliás, é visto como ídolo por Dembélé. “Somos muito diferentes. Neymar é um dos melhores jogadores do mundo. Eu sou jovem e busco crescer a cada dia. Estou aqui muito contente por pertencer ao melhor clube do mundo. Eu quis vir porque sou Barcelona desde criança. Me sinto muito realizado e espero ganhar muitos títulos”, declarou em sua apresentação nesta segunda (28).
Valorizou-se rapidamente, mas sempre sob os cuidados da família e amigos
A preocupação de Dembélé foi sempre jogar futebol o melhor possível e crescer aos poucos. Em 2015, por exemplo, chegou a recusar grandes ofertas de clubes ingleses e até mesmo do Barcelona para ficar no Rennes, seguindo o conselho da mãe, Fatimata, e alegando que gostaria de se tornar um jogador profissional antes de deixar a França.
Com seu empresário e amigo Badou Sambagué, a vontade dos dois foi aceita e o jogador amadureceu. “Quando ele quis deixar o Rennes no último verão, a mãe dele disse que queria que ele ficasse para assinar seu primeiro contrato profissional e ele não teve mais escolha”, contou o agente, que era o antigo vizinho da família quando a mesma morava em Évreux (França) em entrevista ao The Guardian em 2015.
Na temporada 2015/2016, marcou 12 gols em 27 jogos na França e as boas atuações voltaram a chamar a atenção. Não teve mais jeito e a transferência para a Alemanha foi concretizada.
No Dortmund, encaixou-se perfeitamente ao lado de Aubameyang e ganhou o respeito dos colegas de time e treinador (o time era então comandado por Thomas Tuchel) mesmo com a pouca idade. “Ele exala criatividade e curiosidade”, disse Tuchel no início da temporada 2016/2017 sobre o francês.
O jovem sempre afastou o rótulo de “joia” como é comum se denominar os jovens que se destacam. “Eu não sou nenhum fenômeno. Eu só tento ser decisivo para o meu time. Tem muitos jovens com talento pelo mundo do futebol”, disse Dembélé no começo do ano, quando já se destacava pelo Borussia Dortmund.
Uol Esporte
OPINIÃO - 22/11/2024