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Grávida vai a campo para não deixar time com uma a menos

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publicado em 06/11/2017 ás 16h07
atualizado em 06/11/2017 ás 16h08
Foto: Acervo pessoal

Até uma mulher grávida faria gol na gente hoje”. Sorte de Renato Gaúcho que a volante Daniela Pedralli não estava em campo naquele Atlético-PR 7 x 2 Vasco em 2005. O então treinador do Vasco deixou o campo com uma dor de cabeça equivalente a um trabalho de parto e soltou a frase para mostrar como estava fácil de balançar a rede do seu time naquela noite.

Mais de uma década se passou e a jogadora do Santarritense, que disputa o Campeonato Gaúcho feminino, atuou com uma gestação de dez semanas os 90 minutos do último jogo da competição, contra o Mundo Novo, no fim de semana passado.

A história tem contornos curiosos. Daniela jogou todo o campeonato grávida, mas sem saber, com exceção do último jogo. Tomou conhecimento que esperava um bebê há duas semanas, e se conformou em dar um tempo no futebol. Mas acontece que o time que defende foi para a partida de despedida da competição com apenas 10 jogadoras. Ela, em amor ao time, ao futebol e ao marido, que também é treinador do Santarritense, foi a campo.

“Nesse último jogo, já sabendo que estava grávida, tomei todos os cuidados. Fui bem prudente. Minha estratégia foi não combater de frente”

“Eu jogando grávida escondida e vocês me acharam?” – brincou a volante de 30 anos.

“Nos outros jogos eu estava grávida, mas não sabia. Joguei tranquila por não saber. Eu soube antes da última partida, e pensei: ‘Bah, vou ter que pendurar as chuteiras por um tempo… ‘A gente não tinha mais chance no campeonato, já estávamos eliminadas. Uma das meninas se perdeu e não chegou a tempo em Três Coroas, cidade que fica a uns 100 quilômetros aqui de Nova Santa Rita. Eu já estava fardada porque queria pelo menos aparecer na foto. O Mundo Novo ainda foi bacana com a gente por dar uma enrolada e esperá-la, mas ela não conseguiu chegar. E então eu tive que jogar”, completou.

Comandada pelo treinador e marido Rodrigo Aveiro, conhecido por Pedal, Daniela mudou um pouco a forma de jogar.

“Nesse último jogo, já sabendo que estava grávida, tomei todos os cuidados. Fui bem prudente. Minha estratégia foi não combater de frente. Jogo de volante, sou jogadora mais de força, mais brutal. Mas desta vez peguei mais leve. Além disso, umas três me protegiam, diziam pra ir devagar, pra não ir nessa ou naquela bola. Meu marido-treinador me perguntava toda hora: “Tá tudo bem?”, afirmou.

O time adversário jogou limpo, só na bola. Não teve jogada desleal.

Assim como as outras jogadoras, Daniela joga por amor, não recebe salário. Ela, que é corretora de imóveis, ainda não sabe o sexo do bebê. Futebol, agora, só depois da gestação.

“Quando fui ao médico ele disse que atividade física moderada é ótima na gravidez. Mas não o futebol porque tem contato, tombo, bolada. Então pediu para dar uma segurada porque pode haver descolamento de placenta, enfim. Joguei por amor ao time, ao maridão e ao futebol. Agora vou dar um tempo”, explicou.

O resultado, que não teve tanta importância diante dessa demonstração de amor de Daniela, foi 9 a 0 para o outro time, o Mundo Novo. E a atuação individual foi motivo de brincadeiras.

“As minhas companheiras disseram que eu fui a pior em campo. Mas eu joguei por dois, ora!”, contou, aos risos.

A campanha do Santarritense no Gaúcho feminino 2017:

Santaritense 0 x 5 Mundo Novo
Black Show 7 x 0 Santaritense
Oriente 3 x 0 Santaritense
Santaritense 5 x 4 Sapucaiense
Sapucaiense 2 x 0 Santaritense
Santaritense 2 x 3 Black Show
Santaritense 2 x 10 Oriente
Mundo Novo 9 x 0 Santaritense

Foto: Acervo pessoal

GE