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Cearense usa chinelos em corrida: “Tênis prejudica as unhas”

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publicado em 24/11/2017 ás 10h25
atualizado em 24/11/2017 ás 10h27

Em meio aos tênis ideais para a corrida de rua, um par de chinelos destoa da ultramodernidade e carrega histórias de Edilson Saraiva, de 47 anos. Cearense, dono de uma oficina mecânica, que dá a ele uma renda mensal modesta, ele já rodou Brasil, Chile, Peru e Argentina em maratonas, completando provas com chinelos nos pés, e não tênis. Assim, desperta a atenção nos demais corredores. Tudo para não machucar as unhas durante as corridas, conta. Com bom humor, o homem que mora em Baturité, distante 100km de Fortaleza, brinca sobre a escolha do calçado, que não é recomendado por ortopedistas.

– Todo mundo fica bem admirado mesmo. Qualquer pessoa que vê, até amigo, se admira. Não tem ninguém que faça isso. Já soube de outros que correm de chinelo, mas o tempo é mais alto. O meu tempo é melhor. Todo mundo se admira. Uma vez, uma pessoa que eu não sabia quem era queria me dar um tênis. Eu falei: ‘se for para ir à missa, tudo bem’. Mas, para correr, não. Me viu em Guaramiranga (cidade da Serra de Baturité) correndo. Me ofereceu em Pacoti (cidade vizinha) – comenta, sorrindo.

Edilson começou a correr de forma amadora em 2013. Em 2014, fez a primeira prova oficial. Em outubro deste ano, fez 42 quilômetros de chinelos com um tempo de 3h13min, em Buenos Aires. E, certa vez, testou quantas maratonas uma chinela aguentava… Foram 20 seguidas, com 844 quilômetros. Ele também já foi de Fortaleza a Baturité correndo. Edilson demorou 9h45min para completar 100 quilômetros que separam as duas cidades. Conseguiu fazer cerca de 20 quilômetros de tênis. Os outros 80 quilômetros foram realizados de chinelos.

– Eu comecei a correr assim (de chinelos) em 2014. O motivo é que o tênis, o mais confortável que for, prejudica as unhas. Eu corri de chinelo, porque ela (a unha) “fofa” e cai. No percurso de 42 quilômetros, é perigoso até eu não completar (se for de tênis). São nove maratonas oficiais. Treinando, eu tenho mais de 200. Nunca deu problema (correr de chinelo). Até porque eu vou no meio do povão, não sou da elite. A parte de ortopedista a gente sabe que é para correr com o tênis. Mas sempre procuro trocar os chinelos, não deixar baixar muito. Não ficar bem fina. Não chegou a quebrar o cabresto (a de 20 maratonas). Isso foi só um desafio – brinca.

Edilson começou a correr de forma amadora em 2013. Em 2014, fez a primeira prova oficial. Em outubro deste ano, fez 42 quilômetros de chinelos com um tempo de 3h13min, em Buenos Aires. E, certa vez, testou quantas maratonas uma chinela aguentava… Foram 20 seguidas, com 844 quilômetros. Ele também já foi de Fortaleza a Baturité correndo. Edilson demorou 9h45min para completar 100 quilômetros que separam as duas cidades. Conseguiu fazer cerca de 20 quilômetros de tênis. Os outros 80 quilômetros foram realizados de chinelos.

– Eu comecei a correr assim (de chinelos) em 2014. O motivo é que o tênis, o mais confortável que for, prejudica as unhas. Eu corri de chinelo, porque ela (a unha) “fofa” e cai. No percurso de 42 quilômetros, é perigoso até eu não completar (se for de tênis). São nove maratonas oficiais. Treinando, eu tenho mais de 200. Nunca deu problema (correr de chinelo). Até porque eu vou no meio do povão, não sou da elite. A parte de ortopedista a gente sabe que é para correr com o tênis. Mas sempre procuro trocar os chinelos, não deixar baixar muito. Não ficar bem fina. Não chegou a quebrar o cabresto (a de 20 maratonas). Isso foi só um desafio – brinca.

Não é melhor calçado, diz médico do esporte

egundo o médico do esporte Marcus Strozberg, o chinelo não é o melhor para fazer exercícios.

– Na verdade, a gente considera que a sandália de tira não é o melhor calçado para ele praticar exercício nenhum. Não é algo para ser repetido. Não é algo que a gente recomende. Na prática, está pouco presa ao pé. Não tem uma estabilidade maior. Não tem um bom sistema de absorção de impacto. Pelo fato de o calçado ter uma mobilidade, isso permite que ele possa ter um acidente em um uso de um calçado como esse. É impressionante a capacidade de o corpo se adaptar. Se não tivesse, ele já teria se machucado. O corpo criou uma adaptação. Se colocarmos um tênis nele, ele não consegue correr de tênis. Mas não é algo que a gente recomende – explica.

Marcus lembra que o calçado para corrida é algo recente, de cerca de 30 anos. E que, antes, as pessoas chegavam a correr descalças. Mas nunca de sandália.

– É uma história interessante de contar. Já acompanhei gente que corre descalço. Atletas que vinham da região rural, da roça, o que no nosso clima é bem complexo. No asfalto, é difícil. Luva de pé, elas começaram a usar, ela tem um pequeno solado, o que não conta como sistema de absorção. Na história esportiva, o ser humano sempre correu. O calçado com tecnologia vem de 30 anos. Dizer que correr descalço é impossível é uma besteira. Eu não acho uma supresa se alguém disser que corre uma maratona descalço. O inusitado é correr de chinelo. Descalço não seria novidade – finaliza.

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