O Comando de Policiamento de Estádios culpou o programa de venda de ingressos do Flamengo pela pancadaria na noite desta quarta-feira (13), antes e depois da final da Copa Sul-Americana.
A barbárie começou antes mesmo do jogo e tinha sido combinada, até com hora certa, nas redes sociais. Torcedores do Flamengo trocaram mensagens marcando a invasão do Maracanã e assim aconteceu. Centenas de flamenguistas, sem ingresso, forçaram portões, pularam grades e forçaram roletas. A Polícia Militar montada reagiu.
Enquanto isso, do lado de fora, correria e pânico. Flamenguistas agrediram a socos um argentino e jogaram objetos no ônibus que trouxe a equipe do Independiente. Um grupo arremessou uma lata de lixo e garrafas de vidro contra policiais que isolavam um dos acessos ao estádio. Os PMs reagiram com sprays de pimenta, balas de borracha e bombas de efeito moral. Depois da partida, e do título do Independiente, houve novas e lamentáveis cenas de selvageria marcando o vice- campeonato do Flamengo.
Na saída, um torcedor foi atropelado numa rua no entorno do Maracanã. O homem ficou caído no asfalto. O motorista saiu do carro para tentar conversar, pediu calma. Mas o grupo em volta começou a chutar o veículo. Criminosos abriram a porta do carona e roubaram objetos que estavam dentro do carro. O motorista foi agredido.
A Polícia Militar apareceu pouco depois. Os policiais usaram bombas de efeito moral e balas de borracha. Em cima de uma rampa, mulheres e crianças tentavam se proteger. Famílias inteiras ficaram acuadas e uma delas teve que se esconder atrás de uma placa.
O repórter cinematográfico da TV Globo, Sérgio Leite, foi agredido. Policiais usaram jatos d’água para dispersar a multidão. Meia hora depois, o tumulto foi controlado.
O Jornal Hoje questionou a Polícia Militar por que não foi possível impedir as cenas de selvageria. Em nota, a Polícia Militar disse atuou com 650 policiais dentro e fora do estádio. Por telefone, o comandante do grupo do Grupamento de Policiamento em Estádios (GEPE) disse que o esquema de venda de ingressos do Flamengo dificultou o policiamento.
“O Flamengo hoje utiliza o cartão do sócio torcedor. Basicamente 90% dos seus torcedores. São criadas barreiras para conferência de ingressos, só passar quem tem ingresso no cartão. Mas a pessoa que tem o cartão, ela passa e não consegue fazer uma checagem, se esse cartão está carregado com ingresso ou não. Então, essa checagem só é feita no momento que ele está na catraca e todos os torcedores que possuem o cartão de sócio e não carregaram o cartão, conseguem chegar até catraca. O que começa a gerar um número muito grande de torcedores, que não têm direito de acesso ao estádio e aí as confusões se iniciam vão ficando mais difíceis de controlar”, fala o comandante do GEPE, major Silvio Luiz.
Nesta quinta-feira (14), as consequências da violência da torcida rubro-negra podiam ser vistas em seis trens depredados. Em um deles, 20 janelas foram quebradas. Em um vagão, não sobrou nenhuma janela inteira.
O Flamengo informou que vai se posicionar ao longo do dia. Segundo a PM do Rio, 16 pessoas foram detidas em diferentes situações, incluindo um homem com dez explosivos. A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) vai abrir um processo disciplinar e é possível que o Flamengo seja punido.
Jornal Hoje