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A ideia da Fifa de acabar com a Copa das Confederações só se fortaleceu após o torneio de 2017, na Rússia. O faturamento com a venda de ingressos foi metade do esperado, e escancarou que o torneio não é vantajoso financeiramente à entidade.
A Fifa pretendia arrecadar US$ 45 milhões (R$ 150 milhões) com entradas e negociação de direitos de acomodações e hospitalidades para os 16 jogos da competição. O resultado final foi bem inferior: US$ 22 milhões (73 milhões), quase 100% disso relacionado à venda de ingressos (procura nula, portanto, para acomodações mais caras, como salas VIP e camarotes).
O gasto com a competição, segundo relatório financeiro apresentado pela Fifa a seus conselheiros na semana passada, foi de US$ 142 milhões (R$ 470 milhões), boa parte desse custo colocado no Comitê Organizador Local da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Não se sabe exatamente o prejuízo da entidade com o torneio, porque além dos US$ 22 mi da venda de ingressos, houve faturamento de venda de direitos de TV e de licenciamento, mas estas quantias são somadas a tudo o que a entidade teve de receita em 2017 nessas áreas.
Por exemplo: direitos de transmissão renderam a Fifa no ano passado US$ 229 milhões (R$ 758 milhões), entre diversas competições, entre elas a Copa das Confederações. O valor decepcionante com a venda de ingressos foi usado pela cúpula da Fifa para tentar convencer os membros do Conselho (antigo Comitê Executivo) a falarem sobre o assunto na reunião realizada na semana passada, em Bogotá, na Colômbia, mas o tema acabou saindo da pauta.
Em 2017, a avaliação da Fifa é que alguns detalhes pesaram para piorar ainda mais o faturamento com os ingressos: a Alemanha, campeã da Copa do Mundo de 2014, levou ao torneio um time de jovens, poupando seus principais atletas. O representante da América do Sul foi o Chile, com menos atrativos do que Brasil e Argentina, e nem mesmo a presença de Portugal com Cristiano Ronaldo animou os torcedores — mesmo com equipe alternativa, a Alemanha foi campeã batendo na final os chilenos por 1 a 0.
Criado pela Arábia Saudita
A Copa das Confederações foi criada pela Fifa em 1997, tomando para si o torneio organizado por duas vezes (1992 e 1995) pela Arábia Saudita reunindo os campeões de cada uma das seis confederações filiadas à entidade.
Até 2005 foi realizada a cada dois anos, alternando entre a sede da Copa do Mundo seguinte e um outro país que se candidatasse. A partir do torneio realizado na Alemanha, como prévia do Mundial de 2006, estipulou-se o calendário a cada quatro anos, sempre um ano antes da Copa e para testar instalações do país-sede do principal torneio do mundo.
Após a Copa das Confederações realizada no Brasil, em 2013, a Fifa começou a repensar o torneio, que financeiramente não era vantajoso e esportivamente também deixava a desejar — mesmo times fortes algumas vezes poupavam atletas e não priorizavam o torneio, realizado em meio às férias dos jogadores.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, gostaria de trocar a data da Copa das Confederações, em anos ímpares antes das Copas, por um Mundial de Clubes vitaminado, com até 24 times, realizado a cada quatro anos. Há, porém, resistência, principalmente dos europeus.
Sem saber como será o futuro dessas competições, a Fifa incluiu em seu orçamento do ciclo 2019/2022 (até a Copa do Mundo do Qatar) a Copa das Confederações, com a data de 2021, e os quatro Mundiais de Clubes no formato atual, disputado anualmente em dezembro. A previsão é que se gaste ao menos US$ 150 milhões (R$ 497 milhões) para organizar a próxima Copa das Confederações, se sair do papel. O que, claro, a Fifa não quer que aconteça.
Uol
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