João Pessoa, 30 de abril de 2018 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O desenho animado “Os Simpsons” bateu neste domingo (29) o recorde de série com o maior número de episódios transmitidos na televisão americana. A marca, no entanto, foi atingida justamente quando o programa atravessa uma das maiores polêmicas de sua história por acusações de racismo.
AFox transmitiu no domingo o 636º episódio da história da família Simpson, ultrapassando a série de faroeste “Gunsmoke”, que chegou ao 635º em 1975, após 20 anos de exibição.
No final de 2016, a emissora se comprometeu a transmitir “Os Simpsons” ao menos até 2019, assegurando que a série chegaria a sua trigésima temporada, uma marca nunca atingida na TV americana.
O recorde veio, porém, enquanto a série enfrenta uma grande controvérsia focada no personagem de Apu Nahasapeemapetilon, dono de um supermercado e de origem indiana, dublado pelo ator branco Hank Azaria desde o começo da série.
O ator e comediante de origem indiana Hari Kondabolu fez um documentário, que foi exibido em novembro de 2017, com o título “The problem with Apu” (O problema com Apu), no qual denuncia os estereótipos associados ao personagem, começando por seu sotaque carregado.
Matt Groening, criador de “Os Simpsons”, e Hank Azaria se negaram a aparecer no documentário para responder perguntas sobre o assunto.
Após a estreia, Azaria opinou publicamente que o filme “levantou pontos muito interessantes”, mas a produção da série não reagiu ao caso até 8 de abril, no episódio 633.
Nele, Marge tenta apagar de um livro infantil que comprou todos os elementos que podem ferir a sensibilidade de alguém. Depois, lê a história para sua filha Lisa, que a acha muito chata.
“O que eu posso fazer?”, pergunta Marge. “É difícil dizer”, responde Lisa, olhando para os espectadores. “Uma coisa que começou há décadas e era aplaudida e inofensiva agora é politicamente incorreta, o que se pode fazer?”, diz Lisa, voltando-se para um retrato de Apu, para o qual pisca o olho.
“Algumas coisas se resolverão mais para frente”, diz Marge. “Ou talvez não”, conclui Lisa.
Essa alusão, mal recebida por muitos observadores, aumentou a polêmica, até o ponto em que Azaria propôs a deixar de fazer a voz de Apu.
A controvérsia, no entanto, não afetou Matt Groening, que disse ter “orgulho” do trabalho feito na série em uma entrevista ao jornal “USA Today” publicada na sexta-feira (27).
“Acho que estamos vivendo um tempo na nossa cultura em que as pessoas adoram fingir que estão ofendidas”, afirmou.
G1
ENTREVISTA NA HORA H - 27/11/2024