A foto de capa da edição de junho da revista “Vogue Arabia”, com uma princesa saudita ao volante de um carro conversível, gerou polêmica. Isso porque, na semana passada, ativistas que defendem o direito de dirigir para as mulheres foram presas na Arábia Saudita.
A imagem mostra a princesa Hayfa bint Abdullah al-Saud no banco do motorista, usando luvas e salto alto. E foi publicada no momento em que o reino conservador se prepara para acabar com a proibição de dirigir para as mulheres.
A edição é dedicada às “mulheres pioneiras da Arábia Saudita” e elogia as reformas lançadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que buscou aliviar as restrições sociais no reino e reduzir o poder dos religiosos mais radicais.
“No nosso país, existem alguns conservadores que temem a mudança. Para muitos, é tudo que conheceram”, disse a princesa, filha do falecido rei Abdullah, segundo a revista.
“Pessoalmente, eu apoio estas mudanças com muito entusiasmo”, assinalou a princesa, cuja foto foi tirada no deserto, nos arredores da cidade de Jidá.
Mas a imagem foi criticada pelos que protestam contra a prisão, neste mês, de 11 pessoas, a maioria ativistas que defendem há tempos o direito de dirigir e o fim do sistema de tutela masculina das mulheres.
Quatro destas ativistas foram libertadas na semana passada, afirmou a Anistia Internacional, mas o destino das demais é desconhecido.
Alguns veículos de imprensa estatais classificam algumas das detidas de traidoras e “agentes de embaixadas”.
Analistas consideram que os atos repressivos que provocaram uma enxurrada de críticas em nível global mostram os limites das reformas idealizadas pelo príncipe herdeiro, que realizou há pouco tempo um giro mundial para melhorar a imagem austera do reino, que estaria prestes a levantar, em 24 de junho, a proibição de dirigir para as mulheres, que vigora há décadas.
A edição da “Vogue Arabia” também mostra outras mulheres de destaque sauditas, como a defensora dos direitos Manal al-Sharif e Saja Kamal, jogadora de futebol que trabalha para formar a primeira equipe feminina do reino.
G1