João Pessoa, 08 de junho de 2018 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Pense em um apelido para Bruna Marquezine. Pense em um boato. Tudo que poderia ser inventado sobre ela já foi dito por aí. Não à toa toda essa entrevista com nossa estrela da capa de Junho/Julho é pautada por um tema simples: as versões de Bruna sobre as fake news que circulam sobre ela.
Bem resolvida em sua juventude – fala palavrão quando se empolga com uma história e pede um gim tônica de vez em quando –, está virando “cada dia mais feminista” porque não teve uma educação assim. Bruna faz parte daquele time de atrizes disputadas por autores, além de ser digital influencer e princesa (segundo ele!) de craque em ano de Copa. Protagoniza ensaios sensuais em que mexe com os sentidos e mostra/esconde o que quer, grava seu primeiro papel como vilã (e rainha dos gifs no Twitter) e representa causa do bem – foi ao Oriente Médio para alertar o mundo sobre a questão dos refugiados e mostra-se visivelmente preocupada em como pode transformar, com seu alcance, a vida de crianças sem lar.
Essas são só algumas de suas versões. Parece que seus mais de 27 milhões de seguidores no Instagram sabem tudo sobre ela. Não mesmo! “Nunca negociaria uma matéria sobre a minha vida pessoal”, entrega ao falar sobre personalidades que se tornaram célebres apenas pela exposição. “Toda pessoa que tem uma imagem pública é refém da mídia. Por mais que possa pegar meu telefone e esclarecer tudo, só tenho controle do que digo e, às vezes, nem isso. Todo mundo acredita no que quer”, admite.
Mas há outra verdade que não controlamos: ela muda o ar de um ambiente. Sua aguardada chegada para o ensaio de fotos anuncia uma ventania. Com um moletom largadão e um chinelo grifados, surge no corredor pós-gravação de Deus Salve o Rei com um frescor de quem não parece preocupada com os boletos (estamos diante de um fenômeno das redes e a mente é invadida por esse meme) e veio disposta a passar quatro horas falando de si mesma, sendo observada ou clicada. Habita o imaginário coletivo e agora entrou ao vivo relembrando aquele dia ou discorrendo sobre a manhã seguinte em que tem uma cena de dança. Todos se tornam seus followers. Imediatamente. Seu sorriso é de quebrar a internet.
Em instantes, estamos na cama – na sala de estar e no sofá, pulando – com Bruna na suíte do hotel Grand Hyatt na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ela encarna tantos sonhos e desejos que criamos. É como se todos quisessem, ou tivessem, um pedaço de seu brilho ou de seu corpo. A câmera e os celulares apontam para a estrela que encara as lentes destemida, conhece suas curvas e os elogios que quer provocar.
Se move em slow. Escolhe a playlist com algumas canções da Beyoncé e fala sobre ser real, imperfeita. Enquanto tentamos encontrar, sem sucesso, alguma rasura em sua imagem ou em sua fala, entendemos seu discurso sobre desconstrução da fama, engajamento, conto que não é de fadas. “Quantas vezes vi curtirem coisas que eram desagradáveis para mim. Mas talvez porque aquilo fazia as pessoas entenderem que estávamos mais próximas”, reflete. “Também tem um prazer nisso, um lado cruel, uma alegria quando percebem que somos humanos e que as coisas dão errado. É muito louco ficar feliz com uma falha, um erro, um sofrimento do outro.”
O encontro se prolonga até alta noite. Há espaço para uma última questão: como gostaria de ser lembrada? Não que vá ser esquecida… Ela ri. “Já ficaria feliz de ser lembrada [mais risos, seguidos de um momento de silêncio sério]. Uau. Que pergunta difícil porque fala sobre o que a gente espera e ainda quer fazer… [segundos depois] Bom, gostaria de ser lembrada pela minha arte e porque contribuí com o mundo, ajudei alguém. Uma pessoa que lutou por coisas e causas boas”, conclui. São mais de 3 da manhã e ela vai embora deixando um vazio após sua passagem avassaladora. Bruna Marquezine poderia dar nome a um furacão.
Quem
OPINIÃO - 22/11/2024