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Especialistas debatem política e religião

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publicado em 27/08/2018 às 22h47
atualizado em 28/08/2018 às 03h17

A regra popular estabelece: política e religião não se discutem. O programa Frente a Frente, da TV Arapuan, desta segunda-feira (27), promoveu um debate sobre a relação entre política e religião nas eleições deste ano, a expansão da bancada evangélica nas casas legislativas e seu impacto sobre pautas como aborto e união homoafetiva.

A professora de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Flávia Pires, pontuou que a relação precisa ser vista com cuidado. Ela reforça que a separação da igreja do Estado nunca existiu de fato no Brasil. “É preciso que a religião possa ser exercida em um espaço republicano, democrático e que as minorias sejam escutadas”, frisou, lembrando a pauta conservadora defendida pela bancada evangélica. “O problema é quando as minorias são abafadas e não podem expor seus anseios”, avaliou.

O pastor Josemar Bandeira, da igreja Cidade Viva, destacou que não pode haver separação entre igreja e Estado porque os dois são iguais. Para ele, a bancada evangélica surge naturalmente, assim como a ruralista e outras representações na Câmara. Ele atribuiu a ampliação da bancada ao aumento no número de evangélicos no país. “Estamos aprendendo a ser democracia, a lidar com pluripartidarismo, com multireligiões. Sempre existirão bancadas e o equilíbrio é um sonho”, afirmou. Ele ainda se posicionou contra a criação de lei específicas para estimular inserções determinados grupos na política, a exemplo da exigência do percentual mínimo de 30% de candidaturas de mulheres nos partidos. “Uma lei que impõe uma quantidade e cria uma série de candidaturas fakes”, opinou.

Por sua vez, o padre Marcondes Meneses, da Paróquia Menino Jesus de Praga, acredita que a convivência entre política e religião sempre ocorrerá, com convergências e divergências. Ele reforçou que a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elaborou uma cartilha com orientações para os fiéis, assim como faz em todas as eleições. “Existe um relação amistosa com governos. A igreja tem essa relação, mesmo não assumindo um papel ideológico. Primamos pela ética”, frisou.

Para o professor de Teologia Cesário Conserva, os líderes religiosos podem orientar os fiéis para pesquisar o histórico e propostas de candidatos antes de votar. Ele rechaçou no entanto, representantes de igrejas que atuam em defesa de um único segmento após eleitos. “Tem que lutar por todos. Precisamos orientar e educar. Alguns surgem para tirar proveito e não tem compromisso com as crenças os valores e quando chegam ao poder se corrompem”, pontuou, ressaltando a importância do país ter políticos tementes a Deus.

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