João Pessoa, 13 de outubro de 2018 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Alexandre Frota viu seu nome estampado nas manchetes nesta semana não só porque foi eleito deputado federal por São Paulo. Horas depois de sair o resultado, seu filho, Mayã, veio a público criticá-lo: “Defende a família, mas queria me abortar”. Frota, que deve cerca de R$ 60 mil de pensões atrasadas, rebateu, dizendo que ele era apenas “fruto de uma transa”. O EXTRA ouviu Samantha Gondin, mãe de Mayã, que afirma ter tido um relacionamento com o ex-ator pornô e fala da briga na Justiça.
Como você descreveria o primeiro encontro com Alexandre Frota?
Foi uma grande surpresa. Nunca imaginei conhecê-lo. Foi em 1998. Eu estava no camarote da Micarecandanga, em Brasília. Eu era muito jovem, tinha apenas 16 anos. O Alexandre estava com a equipe do programa “Galera”, que estrearia no mês seguinte. Conversamos, trocamos contato. No último dia de micareta nós fomos juntos no bloco do Chiclete com Banana. Ficamos juntos e iniciamos um relacionamento.
Ele diz q o Mayã é “fruto de uma transa”, que vocês estavam drogados e que ele nunca quis o aborto. O que você tem a dizer sobre isso?
Não conheço ninguém que não seja “fruto de uma transa”. Enfim. Mayã não é fruto de uma única transa como o Alexandre insiste em afirmar durante todos esses anos. Mas ainda que fosse, que diferença faria? Seria menos filho? Mereceria sofrer linchamento moral incitado pelo próprio pai por toda sua vida? Alexandre e eu vivemos um relacionamento, sim. Depois da Micarecandanga, Alexandre me convidou para comparecer na inauguração do programa “Galera”, em São Paulo. Arcou com as despesas e passamos o fiim de semana em São Paulo, e voltamos juntos para Brasília. Ainda fui várias vezes a São Paulo ficar na casa dele em Moema.
Sinceramente, não consigo entender por que Alexandre insiste em divulgar o contrário. Não parece ter muita coerência defender a família e rejeitar o próprio filho publicamente durante anos. Defende a mulher, mas insiste em tentar me diminuir ou banalizar o nascimento do até então único filho, agrendindo-me como mulher. Mesmo que o Mayã fosse fruto de um relacionamento de uma noite, o amor, o carinho, o respeito e os deveres de um pai em relação a um filho deveriam se sobrepor a isso. Já esclareci que não usei drogas com Alexandre e nem faço uso de drogas.
O relacionamento com Alexandre terminou quando descobri a gravidez. Não é novidade para ninguém que Alexandre não queria ter o filho e deixou claro que quanto a decisão de levar adiante a gravidez foi só minha.
De fato ele registrou o filho, mas nunca fez questão de cumprir com seus deveres de pai. Ajudava esporadicamente, e de forma não habitual. Foi então que eu precisei ir à Justiça para garantir a manutenção do meu filho. Mayã nasceu e eu tinha apenas 17 anos. Precisava terminar os estudos, cuidar dele.
Na época, você era menor de idade. Você chegou a se apaixonar?
Aos 16 anos anos todos os sentimentos são muito intensos. Me apaixonei pela pessoa que fantasiei ser o Alexandre. Para mim era tudo muito novo. Acreditei sim que pudéssemos ficar juntos.
Depois de 19 anos, Mayã quebrou o silêncio. O que você achou da atitude dele?
Fui pega de surpresa com a atitude do Mayã. Apesar de não concordar com a atitude, não o reprovo por entender seus motivos. Mayã, como a maioria dos jovens tem o costume de fazer, usou sua rede social para desabafar, colocar para fora algo que estava no coração dele. Se tivesse a intenção deliberada de prejudicar seu pai, teria feito durante o período eleitoral, antes do resultado das urnas.
Durante anos Mayã vendo sendo negligenciado e achincalhado pelo próprio pai nas mídias e por outros meios. Tomado por um sentimento legítimo, mas ainda infantil, revoltou-se ao ver o pai ser eleito com slogan de defesa da família, da mulher e do Estado. E decidiu publicar em sua rede social.
Quem me conhece sabe que eu nunca falei nada de negativo a respeito do pai, ou em relação à sua ausência. Com intuito de proteger a integridade psíquica do meu filho, sempre tentava remediar a situação explicando que ele morava em outra cidade, e tinha uma vida diferente da nossa. Nunca impedi ou coloquei qualquer empencilho para o contato do Alexandre, ou da família dele, com o Mayã. Ao contrário, sempre incentivei por saber a importância do pai na vida de um filho.
Maya é um menino muito esclarecido com relação a vida, mas acho que esta questão de abandono afetivo e exposição pública de alto grau de rejeição, como Alexandre sempre fez questão de fazer, não é uma coisa bem resolvida na cabeça e no coração de ninguém. Até porque se ele diz que assumiu o filho, deveria então, além de assumir (registrar em cartório), proteger, respeitar, zelar pelo seu bem estar. Não basta colocar o sobrenome. Tem que cuidar.
Como fez para criar seu filho sozinha?
Minha família sempre fez o impossível para me ajudar a criar o Mayã. Sempre estudei e trabalhei. O problema é que não é fácil ser mãe e pai sozinha. E o mercado de trabalho não é dos melhores para quem tem pouca idade e um filho pequeno para criar. Foi por essa razão que quando o Mayã tinha 4 anos precisei que a Justiça definisse o valor, a data e a forma como Alexandre ajudaria seu único filho.
Mantenho com meu filho um relacionamento de amor e de respeito. Preservei ele ao máximo que pude. Evitei comentar sobre o constante atraso dos alimentos, para não levar para ele questões que não devem ser enfrentadas por crianças. No entanto, ao fazer 18 anos, por lei, ele precisou deixar de ser representado por mim e passou a assinar por si próprio. Foi nesse momento que os ataques do Alexandre se intensificaram em relação ao Mayã. Mensagens e e-mails agressivos foram enviados por Alexandre ao filho, pelo simples fato do Mayã ter passado a assinar as ações em que cobrávamos débitos alimentares vencidos.
Quantas vezes Frota encontrou o filho?
Alexandre encontrou muitas vezes com Mayã. Praticamente todo ano. No Réveillon, Mayã viajava e ficava com a tia e a prima no Rio.
Por que foram para Bélgica?
Minha família que sempre me apoiou, por questões profissionais, se mudou para a Bélgica. Essa separação inicial já foi muito difícil. Depois surgiu a oportunidade do Mayã estudar e fazer faculdade por lá. Então, nos mudamos e lutamos, assim como todos, para viver dignamente.
Como vivem hoje?
Fora essa exposição, vivemos muito bem e somos uma família feliz. Mayã está estudando e vai se tornar uma pessoa cada vez melhor. Não pode trabalhar tanto pela incompatibilidade com os estudos, como por impedimento de visto.
Você irá processá-lo e já correm três processos do Mayã na Justiça…
Estou avaliando, juntamente com minha advogada, a melhor forma de reprimir e evitar que novos ataques sejam feitos à minha pessoa, como mulher, e à honra do meu filho. Quem alega tem o dever de provar. Todo esse caos poderia ser evitado se Alexandre cumprisse, no mínimo, com a obrigação alimentar na forma determinada pela Justiça.
Não entendo como alguém, ao ser cobrado por pensão alimentícia, pode achar que atacando a honra da mãe, ridicularizando o filho, conseguirá se eximir do fato de que nunca foi um bom pai ou zelou pelo seu filho.
Os argumentos do Alexandre são tão vazios e contraditórios que não merecem nem atenção. Quer dizer que se um homem e uma mulher se relacionam, ainda que uma única noite, e desta relação nasce uma criança, o pai terá desculpa para não ser pai? Não cumprir suas obrigações? Chega a ser perversa essa tentativa do Alexandre de linchamento virtual e desvalorização à mulher e à família. Eu acredito na Justiça.
Extra
OPINIÃO - 22/11/2024