João Pessoa, 16 de julho de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Compra de votos

Comentários: 0
publicado em 16/07/2014 ás 16h45

Nem todos atentaram, mas a expressão “enxugar gelo” nunca esteve em tanta evidência quanto na tarde de ontem no Tribunal Regional Eleitoral, patrono do lançamento de mais uma edição da bem intencionada campanha “Voto vendido, povo vencido”, instrumento de conscientização por eleições limpas na Paraíba.

De um lado, o presidente do TRE, desembargador Saulo Benevides, anunciando todos os esforços da Justiça Eleitoral para coibir os crimes, falando em aumento do rigor da fiscalização e alertando para as penalidades previstas na legislação contra o eleitor envolvido na corrupção, incluindo até pena de prisão.

Do outro, o juiz maranhense Marlon Reis, o homem da Ficha Limpa, trazia robustos dados do seu livro (O Nobre Deputado), no qual narra o nível de organização e os aperfeiçoados métodos utilizados nos esquemas de mercantilização do voto. Uma operação que começa pelas tais emendas parlamentares.

O que Marlon relatou é fruto de longa coleta de depoimentos colhidos junto aos próprios deputados eleitos, prefeitos e lideranças, corruptores assumidos e sem o mínimo de constrangimento na frente de um magistrado despido da toga para na condição de pesquisador produzir trabalho acadêmico.

Na sinopse da obra de Marlon, a apresentação é explícita: “Isso nos faz pensar que a vontade do eleitor não vale muito no processo. O que conta é a quantidade de dinheiro arrecadado para a campanha vencedora, que usa a verba num esquema infalível de compra de votos. Arrecadou mais, pagou mais. Pagou mais, levou. Simples assim”.

No mesmo evento e ambiente, duas realidades se confrontaram: a idealizada por homens e mulheres de bem da Justiça tentando amedrontar a corrupção; e a real em que o Judiciário aparece impotente – pelas limitações estruturais e falhas do sistema – na missão de impedir e punir o mais perverso crime de todos: o que violenta consciências.
 

*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 16/07/2014 (quarta-feira).

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

MaisTV

Evento em João Pessoa,discute mudanças na publicidade e comunicação

CONVERGÊNCIA - 26/11/2024

Opinião

Paraíba

Brasil

Fama

mais lidas