João Pessoa, 01 de julho de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O prazo das convenções termina hoje, mas o que se viu até aqui na Paraíba já é mais do que suficiente para uma rápida conclusão: o nosso processo eleitoral é inspirado em pessoas, não sequer em projetos políticos, muito menos administrativos. Quase todos os conchavos de última hora e acordos surpreendentes seguem essa débil rota.
Os partidos – instâncias representativas da sociedade – decidem e se aliam baseados em interesses menores e invariavelmente movidos pelas aspirações particulares de poder de um grupo seleto de dirigentes. À militância – tão invocada na retórica – cabe apenas o olhar passivo. Às vezes, descrente e chocado.
Os acordos e destratos da madrugada. Os acertos financeiros e estruturais. São esses os ingredientes, guardadas as honrosas exceções, que pesam na hora das definições. O tal espírito público – hipocritamente declarado aos quatro ventos – é despudoradamente atropelado pela bolsa das circunstâncias.
Não há, infelizmente, fronteira moral entre o que é espúrio, fétido e incoerente da decência, coerência e respeito que o eleitor, inocentemente, espera dos agentes e homens públicos, delegados pelo povo para guiar governos e parlamentos à vereda do que é justo, correto e transparente.
Na Paraíba, em particular, a própria cultura das definições na undécima hora – renovada a cada processo eleitoral – já fala mais do que mil palavras. Em tese, muito antes da contagem aberta do prazo das convenções, partidos e líderes deveriam saber, de antemão, com qual “projeto” mais se identificam pra seguir.
Não é o que se vê e se testemunha em lances de corar garota de programa. O processo eleitoral paraibano tem sido marcado pela escancarada mercantilização e desavergonhada prostituição. Do jeito que está, as campanhas de conscientização do voto limpo precisam mudar de endereço: do eleitor para os políticos.
*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 30/06/2014 (segunda-feira).
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CONVERGÊNCIA - 26/11/2024