João Pessoa, 30 de abril de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quando a onda parecia mais mansa no ninho tucano depois de declarações apaziguadoras do senador Cássio Cunha Lima, eis que o senador Cícero Lucena emerge e volta a baldear a água no PSDB. Lucena voltou a provocar e acossar o presidente do partido, Ruy Carneiro, nas redes sociais.
No facebook, Cícero refutou a tese de Ruy, que colocou nas mãos da executiva nacional tucana a decisão sobre a candidatura à reeleição ao Senado. Lucena disse que essa definição, ao contrário da assertiva do presidente, será de um “pequeno grupo” na Paraíba, uma afirmativa que coloca a direção estadual sob suspeição.
Em poucas palavras, Cícero volta a contestar publicamente o comando do seu partido. Dessa vez, com uma braçada a mais. Ele não se resume à reivindicação do seu direito de postulação. Radicaliza na mudança de rota e expõe o PSDB publicamente como uma legenda autoritária e cartorial.
Ciente da sua representatividade, o ex-prefeito calcula perfeitamente o peso de suas palavras perante a opinião pública. Uma coisa é a crítica de um adversário, outra é um filiado de alto gabarito fazendo acusações contra o próprio partido. Ele se entrega quando direciona premeditadamente suas lanças em Ruy, isentando Cássio. Deixa no ar uma espécie de crise de ciúme de Carneiro, preferido de Cunha Lima para a vice.
A esta altura da navegação, Cícero sabe que agindo de tal forma nada contra a maré e rumo ao isolamento. Se cria um clima de inconvivência interna, o faz consciente das remotas chances de lograr êxito em sua expedição. Rema por águas turvas e tem tudo para sair dessa eleição como um barco à deriva.
Verão… – A executiva estadual do PSDB, agora chamada de “pequeno grupo”, foi escolhida a dedo no gabinete do próprio senador Cícero Lucena em consenso com Ruy Carneiro e Cássio Cunha Lima.
Passado – Além de participar da seleção e indicação de nomes, Cícero votou nessa chapa única e esteve presente na solenidade da eleição. Só contesta a executiva agora quando vê seu interesse contrariado.
Passando a limpo – Tantas vezes citado, o tal “recado” foi esclarecido por Ruy, ontem. Em nota, atribuiu a uma conversa de análise conjuntural entre ele, Cássio e o ex-prefeito de Mamanguape, Fábio Fernandes, ocasião em que a hipótese de candidatura de Cícero à Câmara chegou a ser ventilada como alternativa para viabilizar composição majoritária.
Arquivo – O que Ruy se reportou em nota confirma a informação exclusiva antecipada há semanas pela Coluna. A tal conversa chegou aos ouvidos do senador e virou o estopim para a revolta e rebelião de Cícero.
Tapa de luva – Mesmo cutucado pelo senador, Ruy disse que não era de “mandar recado”, tratou Cícero como “quadro importante do PSDB” e fez um apelo pela unidade tucana em nome do projeto da legenda.
Bola fora – Sem o menor constrangimento, os vereadores Chico do Sindicato (PP) e Professor Gabriel (SDD) riscaram, literalmente, as próprias assinaturas da CPI do Futebol na Câmara de João Pessoa.
Nem aí – Na cara do colega Renato Martins (PSB), autor do pedido de CPI para apurar desmandos na gestão de Rosilene Gomes na FPF, Chico avisou, sem cerimônia: “Não tenho medo de imprensa”.
Revelia – A Prefeitura de João Pessoa não tem licenças nem do IPHAEP e nem do IPHAN para as necessárias intervenções na Lagoa, patrimônio tombado pelos dois órgãos. Mesmo sem a liberação oficial, iniciou as obras.
Fortificante – A articulação girassol anda animada. Pesquisas de consumo interno estariam apontando crescimento do governador Ricardo Coutinho nos últimos trinta dias. O foco é metralhar Cássio, o líder da disputa.
Cunha – O deputado Manoel Júnior topa entrar na chapa do PMDB como candidato a senador, mas com uma condição: ter como primeira suplente a deputada Nilda Gondim (PMDB), mãe de Veneziano Vital.
Quem tá valendo? – Em João Pessoa, a direção do PROS anunciou semana passada a professora Leila Fonseca para disputar o Senado. Ontem em Campina Grande fez o mesmo convite ao vereador Alexandre do Sindicato.
Coragem – Surpresa na eleição em Campina, Alexandre não se amedronta diante da possibilidade de enfrentar pesos pesados da política paraibana. “Não tenho medo de batalhas que parecem perdidas”, registrou.
Fratura – Depois da oposição na Assembleia, órgãos fiscalizadores, no âmbito estadual e federal, estariam prestes a pedir o cancelamento do contrato do governo com a Cruz Vermelha, no Hospital de Trauma da Capital.
PINGO QUENTE – “Cássio ainda tem a pendência jurídica a superar”. Do ex-governador José Maranhão (PMDB), fazendo figa contra a elegibilidade do senador com quem travou briga na Justiça.
*Coluna publicada no Correio da Paraíba, na edição do dia 30/04/2014 (quarta-feira).
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