João Pessoa, 08 de abril de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O afastamento de Rosilene Gomes da presidência da Federação Paraibana de Futebol, determinado pela Justiça, reabre uma discussão inadiável: a longa permanência dos mesmos dirigentes em entidades representativas. E a nossa Paraíba é pródiga em exemplos, que vão desde pequenos sindicatos de classe até grandes instituições.
No caso da FPF, a deposição temporária da presidente abriu um arquivo de informações desconhecidas do público. A caixa-preta revela as manhas e artifícios utilizados pela presidente para se eternizar no poder, anulando a salutar alternância.
Segundo denunciou o advogado José Caetano, parentes de Rosilene e funcionários da Federação são peças na engenharia da perpetuação. Nomeados presidentes de dezenas de clubes clandestinos, eles têm direito a voto na eleição, uma estratégia que neutraliza completamente qualquer adversário disposto a enfrentá-la.
No mandamento democrático, um cargo representativo é para ser exercido como contribuição voluntária e desprendida a determinado segmento. Uma colaboração com prazo de validade. Quando um mandato passa a se assemelhar a monarquia algo soa muito mal e deixa margem para especulações sobre o que está por trás do real interesse na repetência.
Nessa escola do apego ao cargo, porém, Rosilene Gomes não freqüenta solitária com boas notas, infelizmente. Há uma leva de outros alunos paraibanos bem aplicados em matéria de se entronizar no poder sem margem para a natural e necessária oxigenação nas entidades.
Sem nenhum juízo de valor, mas o que dizer da Fiep (Buega Gadelha), Fecomércio (Marconi Medeiros), Sindicato dos Motoristas (Antônio de Pádua), APLP (Francisco Fernandes), Fetag (Liberalino Ferreira), SintepPB (Antônio Arruda), só pra citar algumas? Não haverá ninguém nessas respectivas entidades com predicados para merecer o privilégio do revezamento?
*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 08/04/2014 9 (terça-feira).
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