João Pessoa, 18 de fevereiro de 2014 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Mesmo ainda na base do extra-oficial, a pré-candidatura ao governo do senador Cássio Cunha Lima remodela o cenário eleitoral paraibano. Os efeitos não são somente pra dentro do território da desfeita aliança (PSDB/PSB). A postulação do tucano também altera, e como e, o tabuleiro da oposição.
O reflexo mais imediato recai na relação entre PMDB e PT, fraturada por dissabores e desencontros da eleição de 2012. Com Cássio no páreo, mais cedo ou mais tarde, o PT deverá rever a decisão de insistir na tese de candidatura própria e reabrir diálogo com o PMDB para não se isolar completamente no processo.
As pontes foram reerguidas ontem por ocasião de reunião entre o senador Vital do Rêgo e o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, líder da ala majoritária no PT. Sob pretexto de um encontro para discutir emenda parlamentar, os dois dissecaram na verdade as últimas mudanças no xadrez e a parceria das legendas.
É o caminho mais lógico para ambas no momento. Separadas, correm sérios riscos de prejuízos incalculáveis. Sem o PMDB, o PT pode virar um fiasco eleitoral capaz de refletir na reeleição de Cartaxo. Sem o PT, o PMDB perde precioso tempo de televisão, o apoio do prefeito da Capital e o perfume da viabilidade.
O novo desenho eleitoral empurra-os para um acordo já no primeiro turno, possibilidade que meses atrás provocava caras feias de petistas autores de críticas e desdém contra o PMDB. Paciente, Veneziano, ao invés de revidar, preferiu dá tempo ao tempo e esperar a poeira baixar. E, ironicamente, deverá a um adversário, Cássio, o favor de fazer o PT botar os pés no chão.
Ponto em… – Na conversa, tanto Vital quanto Cartaxo concordaram num aspecto: com o advento da inserção do PSDB na disputa majoritária, não há espaço para caber quatro candidaturas consistentes.
Comum – Saíram do encontro com uma espécie de acerto prévio: tão logo Cássio oficialize a decisão de se lançar candidato, os dois voltam a sentar para retomar e ampliar as conversações.
Invertendo o jogo – Ao cancelar ontem o jantar marcado bem antes do anúncio antecipado por Rômulo Gouveia (PSD) de apoio incondicional ao governador Ricardo Coutinho, Cássio saiu da desvantagem e com o gesto, nas entrelinhas, minimizou o tamanho e a necessidade de esforços para demover o vice-governador de sua opção.
Destrato – Cássio ficou magoado com Rômulo porque teria recebido dele o compromisso de continuar defendendo a unidade e nas conversas com Ricardo Cunha Lima não admitia chapa sem Gouveia.
Profeta – Mais perto do que nunca da concretização de sua pregação pela candidatura de Cássio, o senador Cícero Lucena (PSDB) voltou à carga ontem contra o governador Ricardo Coutinho (PSB).
Descartável – “É da personalidade dele. Ninguém serve pra ele. Ele usa as pessoas até quando é conveniente e depois descarta como bagaço de cana”, atirou Cícero, em entrevista ao Correio Debate (rádio).
Pelas beiradas – De olho na vaga do Senado, Cícero, cujo mandato expira este ano, evita ansiedade na reivindicação de espaço. “Minha prioridade é a candidatura de Cássio”, desconversa, como bom jogador.
Cenários – Luciano Cartaxo se debruçou sobre números de recente pesquisa encomendada para sondagem do panorama político-eleitoral paraibano. Ficou particularmente contente com o saldo que viu…
Indireta – “A política é a arte da comparação, não é simplesmente tapinha nas costas. A política é aquilo que você fez para que as pessoas percebam que o que você diz é real e concreto”. De Ricardo Coutinho.
Toalha – Afora as críticas veladas, Ricardo perdeu a paciência diante das tentativas frustradas de diálogo com Cássio nos últimos dias. “Eu só converso com quem quer conversar comigo”, assinalou.
Homem de fé – A um interlocutor da Paraíba, o presidenciável Eduardo Campos, em tom de tranqüilidade, revelou crença na manutenção da composição PSB/PSDB. Pelo visto, crê em milagres.
Com o governo – Depois de Tião Gomes (PSL), o ex-deputado Genival Matias, presidente do PT do B, anunciou apoio a Ricardo. Ambos eram maranhistas no 1º turno em 2010. Depois, viraram ricardistas.
Desembarque – A advogada Mônica Figueiredo, procuradora-geral adjunta do Estado, pediu exoneração ontem do cargo. Procuradora de carreira, ela exerceu a mesma função na gestão de Cássio. Sintomático.
PINGO QUENTE – “As amizades independem do processo político”. Do vice-governador Rômulo Gouveia sobre sua relação pessoal com Cássio Cunha Lima.
*Reprodução da coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 18/02/2014 (terça-feira).
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