João Pessoa, 22 de novembro de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Antes de tudo, o político é de carne e osso. Com suas virtudes, fragilidades e angústias. Por isso, antes de julgar precipitadamente o ato de renúncia do prefeito de Cabedelo, José Maria de Lucena Filho, o Luceninha, é preciso dar a ele, também, o direito aos sentimentos humanos.
Luceninha não é o primeiro e nem será o último. Assim como ele, outros ilustres políticos reconheceram suas limitações e preferiram sair de cena a insistir, muitas vezes pela empáfia, arrogância e orgulho, numa empreitada em que o próprio timoneiro já não mais se mostra disposto e crente. Uma mentira pra si próprio com prejuízos para todos.
O ato de renúncia é previsto em lei e é recurso válido quando tomado de cabeça erguida. Qual é o mais digno? Reconhecer um mau momento, renunciar e possibilitar a ascensão de um companheiro em melhores condições para tocar o barco ou persistir sabendo-se, diante mão, sem condições pessoais de corresponder a esperança do voto?
Renunciar não é crime e nem sinônimo de traição. Desonestidade é usar um cargo concedido generosamente pelo povo para trair as melhores e mais sinceras expectativas de uma gente surrupiando o dinheiro público. Fora isso, a renúncia não é sinal de fraqueza, mas de coragem e autocrítica.
Se foi esse o cerne do gesto que levou Luceninha abdicar do direito, da regalia e do conforto de gerenciar a segunda maior arrecadação da Paraíba, Cabedelo não tem do quê e nem porque se envergonhar do líder aclamado com quase 80% da preferência na eleição. Se não foi, a história, por si só, se encarregará de renunciá-lo.
*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 21/11/2013 (quinta-feira).
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