João Pessoa, 04 de outubro de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Até hoje, prazo final oficial, pretensos candidatos e políticos com mandato anunciam suas filiações partidárias. Até ontem, nenhum dos novos filiados gastou tempo, saliva e raciocínio para apresentar uma justificativa decente da escolha feita, especialmente aqueles que optaram por trocar de legenda. Quiçá, nesta sexta, alguma alma nos surpreenda.
Entra e sai solenidade e os políticos, sem o mínimo constrangimento, provam com gestos e palavras que partido no Brasil é um mero detalhe, um trampolim, uma instituição falida e fadada a completa descredibilidade dos eleitores. Salvo raras exceções, nem militantes e muito menos dirigentes levam a sério as filiações.
A mudança de partido, apesar de proibida pela legislação eleitoral para quem tem mandato sob risco de cassação, obedece, via de regra, a conveniência conjuntural dos cenários, a matemática dos números do coeficiente eleitoral e não raramente a outros interesses inconfessáveis.
O que esperar então de um político incapaz de ser fiel até a sigla que lhe deu legenda, condições e votos para disputar um mandato? Pouco ou quase nada. Esse descompromisso despudorado, agravado pela minimização das ideologias num sistema cuja fundação e existência dos partidos foram vulgarizadas, desmoraliza a instituição partidária.
Somente quando tivermos partidos orgânicos e com linhas definidas e programáticas veremos a democracia fortalecida, a elevação do nível dos candidatos e qualificação da atividade política, hoje totalmente desviada do interesse social e coletivo para instrumento de barganha e canal para os vícios da mercantilização do que deveria ser inegociável.
*Artigo publicado na coluna do Correio da Paraíba, edição do dia 04/10/2013 (sexta-feira).
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OPINIÃO - 22/11/2024