João Pessoa, 19 de agosto de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sargento Arnóbio Gomes, vereador preso de Bayeux, não foi o primeiro e nem será o último policial a fazer da patente, segundo a acusação, instrumento para intimidar, obter dividendos ilegais, extorquir, servir ao crime e usar a farda para se esconder das ações marginais e dos desvios profissionais e pessoais.
Mas o que leva um homem que no começo da fase adulta prestar um juramento público de honrar a instituição e proteger à sociedade se debandar para o lado da criminalidade? A incisiva e corajosa ouvidora da Polícia da Paraíba, Valdênia Lanfranchi, tem uma explicação muito lógica e ousada.
“É a impunidade que fomenta o crime dentro da Polícia. Arnóbio não chegou bandido. Por quais comandos ele passou? Quem foi construindo esse bandido? Tem uma parte pessoal, mas ele não chegou esse bandido. Quem permitiu essa construção?”, interroga a ouvidora suscitando uma reflexão pertinente e detida sobre o tema.
Para Valdênia, a falta de punição rigorosa, de providências enérgicas e o excesso de corporativismo dão a sensação aos maus policiais de que o crime compensa para quem dificilmente sofrerá penalidade, ficará preso ou terá salário cortado, benefícios decorrentes do arraigado corporativismo impregnado nas instâncias policiais.
E ela tem razão. Enquanto o criminoso que se escuda no brasão da corporação encontrar solidariedade e omissão entre colegas e superiores que tem o dever de expulsar os desertores da Lei para preservar a própria imagem, haveremos de testemunhar por muito tempo o atentado da minoria dos maus à credibilidade de uma instituição formada pela maioria devotada dos bons.
Dedo… – Valdênia Lanfranchi voltou a cutucar e questionar a incompatibilidade oceânica do patrimônio de certos oficiais da Polícia Militar em relação aos seus módicos vencimentos registrados no contracheque.
…Na ferida – Essa distância inexplicável estimula praças a também cederem à ganância do enriquecimento fácil e ilícito. “São esses elementos que vão formando os bandidos na Polícia”, raciocina a destemida ouvidora.
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OPINIÃO - 22/11/2024