João Pessoa, 16 de agosto de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há três coisas que nunca voltam atrás, segundo velho e sábio provérbio chinês: a flecha lançada, a oportunidade perdida e a palavra proferida. Das três advertências, os políticos devem levar mais a sério a última. Não por acaso há dois mil anos Thiago, na sua carta bíblica, exortava o homem a refrear e dominar a língua.
O cuidado com deve ser redobrado. O que é dito tem poder de construir ou de repelir. Talvez num momento de euforia pessoal, o governador Ricardo Coutinho não tenha se apercebido desses mandamentos, ontem, durante forte discurso de assinatura da ordem de serviço da 2º etapa da Adutora Translitorânea.
Na sua fala, ele vociferou com a ênfase peculiar que caracteriza seus pronunciamentos oficiais: “A época da demagogia barata, de que tudo que pode ser feito neste momento, passou, porque essa época, ou essa postura não produz absolutamente nada. A não ser enganar quem queira ou não perceba que está sendo enganado. O Estado chegou no seu limite”.
Uma alfinetada nos seus antecessores no Palácio da Redenção. Da forma como disse, Ricardo botou todos no mesmo balaio da irresponsabilidade e desrespeito ao erário. Problema? Nenhum, se entre eles não estivesse um aliado, Cássio Cunha Lima, gestor de mais de seis dos oito anos que antecederam o socialista.
Uma linha discursiva muito parecida com a propaganda governamental sobre a inauguração da primeira etapa do Centro de Convenções, que causou tremendo mal-estar entre cassistas e chateou o próprio senador tucano. No discurso de ontem, bastava mais uma frase e Ricardo selaria o endereço do recado para o PMDB e isentaria o parceiro de aliança. E foi neste ponto que ele ignorou os outros dois conselhos, perdendo a oportunidade de evitar o lançamento da flecha.
*Reprodução do Correio da Paraíba, edição do dia 15/08/2013 (quinta-feira)
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024