João Pessoa, 26 de maio de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Conheço uma trabalhadora que saia de casa todos os dias às 5 da manhã há décadas. Disse-me que o mundo mudou. Por quê? “Quando os ônibus estavam circulando, toda semana tinha um assalto tipo arrastão. Ao tomar o ônibus cada um segue o seu destino. Quando chegava o meu, eu tinha que sair correndo e andar depressa para chegar à casa da cliente”. Agora, com a pandemia, essa mulher está em casa e sem trabalho.
Não pode deixar a profissão. Ela é massagista e não tem como mudar, agora que está perto de aposentar. Em casa ajuda o marido com o bíceps rompido devido a um peso que pegou no trabalho. Já bateu todos os hospitais, ninguém resolve o problema.
Será que com a idade de 56 anos é tão velho que não mereça um tratamento terapêutico, para aliviar sua dor? Faz meses que esse homem vive com essa dor e agora com os hospitais cheios de pacientes com o Covid 19, a família não ver uma luz. E, segundo ele, dizem que tem que entrar numa cota de cirurgia e essa nunca vem. É sofrimento… Como pode um ser humano ser tratado assim?
O trabalhador, neste país, não merece a atenção devida e é tratado como coisa. Passa constrangimentos e humilhações. É-lhe negado tratamento digno. Como, diante dessa problemática social, política e educacional, mudar o país e fazê-lo diferente?
A estrutura estabelecida e as artimanhas do poder determinam essa situação, como afirma Kowarick (2012) estudando a marginalidade na America Latina: “ é uma forma de articulação estrutural necessária e intrínseca de um modo específico de acumulação capitalista que se dá no quadro de uma economia dependente e monopolista”. E assim caminha nosso Brasil, completamente mergulhado em confusões.
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OPINIÃO - 22/11/2024