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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O menino não é ninguém

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publicado em 09/06/2020 ás 07h00
atualizado em 09/06/2020 ás 11h35

Foto: Pierre Verger

Sossegai ou sossega aí. Não vou dedicar este espaço aos comentários sobre a mulher, que apertou um numero do elevador de seu prédio em Recife, e deixou que um menino subisse sozinho e do alto, caiu. Quem é pai e mãe, sabe que a mulher errou, negligenciou, fez uma merda que não tem como consertar.

Move-me o discurso da paz. Nunca o das redes sociais, que detonam a mulher, onde criaram vários perfis falsos com o nome dela, para destilar ódio. Nem tudo é culpa da pandemia. Isso é crime, de acordo com o qual não apenas vivemos na melhor das nossas vidas impossíveis num país milagreiro, com quase 600 anos, que ainda se arrasta nessa pandemia. Pra frente Brasil, sequer, salve a seleção. A escravidão está batendo na porta da loucura.

Embora tenda a desenvolver maior apego pela delicadeza, com pernadas conscientes e pelas lições de física experimental, não deixo de me comover com certas coisas que andam acontecendo no mundo. Eu escuto a música Miles Davis. Cada vez mais o trompetista me leva para longe daqui, algo assim como uma maneira de ser acalentado pela melodia. o cronista Gonzaga Rodrigues disse que a gente escreve pelo olhar.

Sou otimista. Tudo vai, pelo pior e melhor, mas a legião – a grande maioria, que usa as redes o faz de uma forma perversa. Cada um que meta a sua faca, onde não é chamado, mas tudo isso me lembra a santa inquisição de todo dia. Já isolei tantas vezes meu coração…

Vejam o caso das máscaras. Todos usam máscaras? Não sei. As máscaras me lembram carrancas, maquiagens, carapuças usadas há muito, haja visto a necessidade de usá-las hoje, não só por causa do vírus, mas pela forma encontrada de mostrar que estão vivos, embora mascarados.

O caso do menino do Rio Beberibe, se posso pensar assim, chocou o pais, mas o noticiário ainda é o Covid 19, que não cessa. Esse sim, tem devastado a humanidade que espera trancada por uma vacina. Menino não usa máscara. Menino tem cara limpa.

Fiz uma postagem no Instagram afirmando que a mulher não matou o menino, mas seu gesto o conduziu a morte e, suponho, punível com justiça. Tudo é tão cruel. A mulher que apanha ou é morta pelo marido. A mulher é uma mulher e o menino é um menino.

A mãe do menino também tem sua culpa? Ela estava trabalhando, levando um cachorro para andar na rua e deixou seu filho com a patroa, que ela confiava. Todos tão igualmente pouco confiáveis.

Desde que meu filho Vítor nasceu que eu não tiro o olho dele. Sou do tempo em que filho criado, trabalho dobrado. A mulher errou, a mãe menino também e o menino não é ninguém. Até sábado!

Kapetadas

1 – Às vezes o azul é verde e o verde é azul.

2 – Conhece-te a ti mesmo. Mas não muito.

3 – Som na caixa: “ Eu só quero que Deus me ajude, e o menino muito mais também, pois a rosa é uma flor, a flor é uma rosa e o menino não é ninguém”, Jorge Benjor

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB