João Pessoa, 12 de junho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Lágrimas de mim sobre o fim de uma tarde. Foi a última caminhada que fizemos juntos. Eu, Bessanger e Petrônio Souto, em abril passado. Depois, nunca mais. O sol morrendo atravessando nossas conversas. E quase cem anos nessa pandemia, Bessanger se foi e eu chorei.
Quanto é curto nosso passo, para acompanhar a vida. Aliás, Bessanger fazia de conta que caminhava.
Desolação. Duas imagens e a proximidade a que me ficas, na larga distância dos tempos. Eu nem posso dizer que eramos amigos. Ele era mais do que eu.
De Bessanger não resta quase nada, só o nome. Como lhe deram um nome tão diferente, Bessanger? Desapareceu com um novo fígado e ficamos com a lembrança de Bessanger e nem teremos tempo de emoldurar. A pandemia não deixa.
Vão escasseando as pessoas nos caminhos do mar, os moinhos de vento da sua velha Lastro.
Bessanger atravessou a rua e sumiu com o imenso pequeno sorriso estampado nos momentos que nos mantínhamos lado a lado. Bessanger fez a alegria de Marcos Pires, Zenildo, Dorgival, o velho Nery, Vicente e Formiga. Foi se encontrar com Murilão.
Cumpriu o último ato como se fosse uma ladainha e quando chegou lá, de fígado novo, uma banda tocava as boas vindas.
Cada dia é como se mais ninguém coubesse na vida. Sua vida valeu, Bessanger!
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OPINIÃO - 22/11/2024