João Pessoa, 15 de junho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não, a Humanidade não acabou.
Na verdade, ela mal começou. Na linha do tempo cósmico, somos apenas um ponto quase imperceptível; somos o último minuto de um relógio, em um metafórico 31 de dezembro, conforme já nos fez ver Carl Sagan
Não, a Humanidade não acabou.
Apenas começamos uma longa caminhada. E, mal sabendo engatinhar, queremos correr sem saber para onde seguimos.
Não, a Humanidade não acabou.
Na realidade, ela sequer saiu da sua infância. Sem querer contar os quase 14 bilhões de anos do universo visível, busco nos aproximadamente quatro bilhões de anos, o início da vida na nossa pequenina Terra. Há 185 milhões de anos, nosso ancestral comum era um peixe, assevera Richard Dawkins (foto) ; Há 6 milhões de anos, Lucy ainda era do ramo dos pitecos, mais precisamente um fóssil encontrado no sul da África, classificado como australopiteco; há 50 mil anos, tendo como avô o Homo erectus, adquirimos as características que nos guindaram à orgulhosa posição de Homo sapiens.
Não, a Humanidade não acabou.
O tempo que nos distancia de uma primeira ideia de igualdade, embora ainda não plena, é de apenas 2.500 anos, com a democracia grega e com a construção de uma sociedade de cultura, em que se destacaram a Filosofia, a Tragédia, expressões máximas do refinamento e da complexidade do pensamento humano na reflexão e na criação literária; a Arquitetura e a Política, esta como a ação do cidadão, voltada para o bem da comunidade.
Não, a Humanidade não acabou.
Trôpegos, ainda desequilibrados e infantis, há apenas 231 anos, em 1789, despertamos para a necessidade de uma Declaração Universal dos Direitos do Homem, que precisou, por nosso andar claudicante, ser renovada em 1948, e há que ser mostrada, diariamente, em casa e na escola, não só verbalmente, mas com ações que correspondam às palavras.
Não, a Humanidade não acabou.
Entendo perfeitamente o desespero de quem assim pensou ou pensa e, num gesto impulsivo, resolveu desistir da Humanidade. Tenho a convicção, no entanto, de que a Humanidade é mais do que um projeto falho e que não deu certo, como pensam alguns. A Humanidade é um caminho a ser trilhado com bastante dificuldade, que exige o esforço de cada um, que reclama a participação de todos, da coletividade, e, sobretudo, exige que abramos mão de nosso egoísmo e de nossas fúteis vaidades.
Não, a Humanidade não acabou.
Ela nos convoca, a cada segundo, para o trabalho incessante da moldação do húmus em humanos.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
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