João Pessoa, 16 de junho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Bom dia, querida! Eu quero lhe dizer, participei de esquema de corruptela. Desviei verbos, superfaturei pautas, comprei gato por lebre e lesei o passeio público… mas saiba, não fui o único.
É mentira, querido, você não faria isso, mas é melhor que fique de bico calado, pois dois bicutos se beijam. Querido, você está me enlouquecendo nessa pandemia! Eu estou assistindo uma live “Café com Padre Fabio”, dá licença. Compadre de quem, querida?
Querida, na prática, de quem pratica, é substituída pelo pseudoconhecimento, pelo olhar irresponsável, por uma contemplação superficial, despreocupada e satisfeita. O mundo virou um espetáculo do espetáculo. É tudo fack news, querido.
Sim, querida, mas nosso amigo doutor Ignácio Ramonet (jornalista,1943), já havia assinalado em seu “A tirania da comunicação”, (1999) o paradoxo que reside no cada vez maior volume de informações disponíveis em razão da evolução da tecnologia ao mesmo tempo em que as pessoas estão cada vez menos desinformadas. E foi, querido?
Querido, não me meta nesse assunto. Em lugar do desenvolvimento calcado no aprofundamento e na democratização do conhecimento, o resultado foi que nada do que foi será. Querida deixe de onda, que isso foi Lulu Santos que espalhou pelos sete mares.
“A atenção e a concentração, a capacidade de abstração intelectual e de exercício do pensamento foram destruídas”. Sabe quem disse isso, querida? Foi nossa comadre Marilena Chauí. Onde andará essa criatura má, querido?
Esquece querida, eu sei que você está com ciúme de dona Candinha, mas eu não tenho nada com ela. Foi só uma vez no Pavilhão do Chá e se arrependimento matasse, eu ainda não teria morrido. Querido, “A curtição é lícita, tudo bem”.
Querida você vendeu nossas TVs de plasma, o velho home-theather, os vídeo-games do menino e o computador da empregada, além dos jogos e softwares piratas.
Querido, pior são os produtos de marcas de luxo falsificadas que você me deu, como bolsas, relógios, joias e roupas…
Nada, querida pra que tanto orgulho, se os idiotas proliferam em plena pandemia. São os primeiros a oferecer uma graninha para o guarda e a pagar “taxas de urgência” para burlar qualquer fila. Isso é velho querido, mais velho que fazer cocô de cócoras. Isso é coisa que se diga querida, já estamos pra lá de quarantenados?
Querido pare de me seguir, não pise na cozinha, que acabei de passar o pano. Ô querido, quem escreve átlas é grego ou atlasado?
Querida, Atlas é o cachorro de Diva Medeiros, você está misturando as rações. Já não basta o tal do intolerante à lactose resumido ao pão que o diabo amassou. Cadê meu Velho Parr que estava em cima do criado mudo? Querido já dizia Jaime Ovalle: “O importante não é saber se a pessoa gosta de uísque, mas se o uísque gosta da pessoa.” Eita, deu a bexiga!
P.S: Agora eu preciso explicar o título deste texto: O professor K num artigo de 1977, no Jornal O Norte, fala diversas vezes em átlas (uma coleção de mapas ou cartas geográficas), com acento tônico na penúltima sílaba – uma providência inútil. Como diz o Cebolinha, na sua adorável dislalia, parece coisa de “atlasado”. Salvo que o sujeito seja metido a grego, que de fato acentua o vocábulo atlas na primeira sílaba. Parece meio gago, mas que fica chique, isso fica, né querida?
É, né? Pois saiba que a Terra pode ser redonda ou plana, mas a querida aqui não alinha na teoria do losango invertido. E live, vai ter live, querida? Pergunta a Paula Lavine?
Querido eu proponho uma manifestação contra manifestantes. Quem disse isso querida? Você querido! Até sábado!
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OPINIÃO - 22/11/2024