João Pessoa, 20 de junho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Perdão, senhores idosos, por serem segregados em uma única fila nos supermercados, bancos e em repartições públicas, com a desculpa de que vocês estão na fila das prioridades. Perdão pelo vexame de terem que esperar tanto tempo para serem atendidos em sua fila de “prioridade”, enquanto observam as outras filas andarem tão mais rapidamente. Na verdade, deveria ser seu direito exigir atendimento em qualquer fila, passando à frente dos que ainda não conseguiram o privilégio de chegar aos sessenta anos.
Perdão, senhores idosos, por serem massacrados no Judiciário quando propõem ações judiciais e esperam tanto tempo que a herança aos seus filhos será apenas a esperança que os movia na fila de espera interminável da (in)justiça, porque tardia. É necessário o seu perdão quando vocês e mais outros idosos se unem em uma única ação (coletiva) e apesar de serem às vezes centenas ou milhares de idosos, terem na capa do seu processo a mesma etiqueta que dá prioridade ao processo de um único idoso. Perdoem por mil idosos terem a mesma prioridade de um único idoso e todos, infelizmente, significarem pouco mais que nada. Perdoem também pela demora em receber os valores que lhes são devidos quando a outra parte na disputa judicial é o Município ou o Estado, mesmo depois de anos de luta, mesmo sabendo que sua causa foi vitoriosa e transitou em julgado, porque então vocês serão apresentados ao famigerado precatório, que aqui na Paraíba, por exemplo, ainda não quitou as dívidas do Estado no ano de 2006.
Mas perdoem o Judiciário, que só age assim por falta de uma lei bem feita, que na verdade privilegiasse vocês. Perdoem as empresas e as repartições públicas, que só poderiam tratar vocês mais dignamente se existissem leis mais adequadas.
Vocês só não deveriam perdoar os políticos, porque é deles a responsabilidade de fazer essas leis.
Porém mesmo assim os perdoem, porque eles não sabem o que fazem.
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OPINIÃO - 22/11/2024