João Pessoa, 02 de julho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Muitos são os motivos que levam o homem a usar barba. E ao contrário dos cabelos da cabeça, os do rosto não caem nunca, mantendo a aparência máscula e, às vezes, até assustadora do usuário.
O assunto vem à baila porque na juventude fiz parte da confraria dos barbudos. Hoje, involuntariamente, pertenço ao contingente dos carecas, lançando mão de minha herança genética.
A barba teve fases importantes na vida do homem e já chegou a confundir minha cabeça nas aulas de História do Brasil. Ora, não compreendia como D. Pedro II, com aquela cara austera, podia ser filho de D. Pedro I, bem mais moço e com aquele jeitão de paquerador incorrigível.
Com a barba formaram-se alguns arquétipos como os hippies, os intelectuais da década de setenta (com bolsa a tiracolo e calças jeans), e os militantes políticos denominados de esquerdistas, estes ainda remanescentes.
Dizem que com mulher de bigode nem o diabo pode, imagine mulher barbuda. Pois é, a rainha faraó egípcia Hatshepsut (foto) ao herdar o trono de seu pai Tutmés I, dentre outros símbolos do poder, também herdou a barba, postiça, é claro.
Na Antiguidade era a barba sinal de virilidade. Na Índia chegou a simbolizar sabedoria e para os hebreus cortá-la constituía desgraça. Ainda hoje no Oriente é comum arrancar as barbas quando se está desesperado. Aqui no Brasil arrancamos os cabelos mesmo.
Como os tempos mudaram, já não juramos pelas barbas do Profeta e nenhum credor se arrisca a receber um fio de bigode como penhor. Entretanto, ainda encontramos muitos homens por trás das barbas, como diria Drummond.
O poeta Afonso Romano de Sant’anna tem razão ao dizer que “não se conhece bem o homem que nunca deixou a barba crescer”. Consola-me saber que mesmo sem poder recuperar a cabeleira e estando com o rosto escanhoado, um dia ainda poderei botar a barba de molho.
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