João Pessoa, 14 de julho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há um lado maravilhoso das coisas. A WEB, por exemplo, mudou nosso jeito de ser, de nos comunicar e de viver. Em tudo ela pode estar, sempre a nosso favor. Somos, porém, artífices em desvirtuar tudo que está ao nosso alcance. Cobramos, repetidamente, empatia, e praticamos estranhamentos com o outro. Conduta, aliás, não muito estranha, quando analisamos as afirmações de quem começou a desvendar a mente e os comportamentos do homem. Em seus escritos psicanalíticos, veremos que ele salienta a natureza humana, como dominada por pulsões perversas em busca do prazer, e impulsos agressivos; permeados pelo Ego a tentar administrá-los.
Quando me mostraram a imagem de um Senhor dormindo numa sessão de um Tribunal, o primeiro pensamento que me veio foi: será que tomou algum medicamento? Como poderia ser: será que enfartou? Pensei assim, por que sou bom? Não. Além de forças intrínsecas, há treinamento e promissão própria para primeiro entender o porquê de algum gesto, e só depois rir dele ou reprová-lo. O que vi, entretanto, foram ironias, zombeteiros quanto à idade, censuras a sua função pública, ataques ao salário que ganha e, generalizando, naquela “coisa” estava representada todas as imperfeições da justiça brasileira. Será?
Por onde correu o “meme”, e nas “notícias” replicadas por grandes canais, foram atribuídos, àquele ser humano “coisificado”, todas as formas de intolerância e todos os dejetos, no objetivo de achincalhar, denegrir e destruir a figura de alguém que dormia em uma reunião online de um tribunal. Mais: projetou-se nele, conforme comumente fazemos, todas as frustrações interiores, as invejas e as maldades.
Ninguém cogitou analisar de uma outra perspectiva, esses novos fenômenos em nossas profissões. Reuniões on-line são mais cansativas; uma situação solitária com relação ao ambiente ao que você fica. Elas exigem bem mais esforço mental para o sujeito se concentrar na tarefa. Um vasto campo de estudo! Acho que somos nós, usuários, que podemos regular o bom uso desses instrumentos. Combater os desvirtuamentos e ataques a pessoas comuns e situações cotidianas pelas quais todos passamos. Desobscurecer a WEB, e reescrever o que disse o dramaturgo romano Plautus, (254-184 a.C.), e, mais de quinze séculos depois, Thomas Hobbes (foto), de que “O homem é o lobo do homem”. Não o é! Torna-se, diria, quando usa suas pulsões desviantes para escarnecer o vulnerável, explorar os mais fracos e defenestrar “a coisa” exposta na WEB.
Não conheço o Julgador atingido. Não sei seu nome. Pela repercussão, soube que se trata de um Procurador paraibano. De um espírita. De um profissional de respeito e realizações. Retrato-me, pois, em nome dos usuários da web, a esse Senhor. E se alguém quiser emitir sua censura, deixo claro que me retrataria, por todos os escárnios, fossem eles dirigidos a mim, a você, ou a qualquer pessoa que, por uma falha, um deslize, um senão, entrasse, dissoluto, nessa nova máquina de realizar massacres. Massacres off!
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TURISMO - 19/12/2024