João Pessoa, 23 de julho de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Todos nós estamos ansiosos pelo fim da pandemia, acabar de vez o isolamento social e então começamos a pensar aonde ir, o que fazer após esse período de ociosidade compulsória. As opções são várias: da praia até o campo e, pasmem, o cemitério. Eu explico.
Nos tempos atuais o cemitério tem deixado de ser cenário de filmes de terror, para entrar no roteiro turístico. As visitas ao campo-santo não têm se limitado apenas àqueles exóticos góticos noctívagos ou ao dia 02 de novembro, dedicado aos finados. Nota-se crescente interesse dos vivos pelas esculturas, jardinagem e personalidades que hoje habitam a última morada.
A primeira cidade mais verde do mundo também oferece aos seus turistas, afora o tradicional circuito Torre Eiffel, Bateau Mouche e Arco Triunfo, uma opção a mais de lazer: o Cemitério Père Lachaise, que fica localizado numa colina na região central de Paris. Ele foi inaugurado no ano de 1830, mas recebeu os restos mortais de figuras importantes que faleceram antes daquela data.
É que ali estão sepultadas personalidades histórias da música, dança, teatro, pintura literatura e filosofia, entre outros ramos da sabedoria humana. Para os amantes da música tem-se a oportunidade de visitar o jazigo perpétuo de Chopin (cujo coração encontra-se em Varsóvia), e do roqueiro líder do The Doors, Jim Morrison. Pode-se ensaiar os requebros diante da lápide da grande bailarina Isadora Ducan, e imaginar quão apaixonados foram os grandes amantes da Idade Média: Abelardo e Heloísa, que estão enterrados juntos. Ele, filósofo e poeta francês, contestador das teses filosóficas de sua época, foi castrado a mando do tio de sua amada, cônego Fulbert. Sem o precioso órgão genital, foi morar no Mosteiro de Saint Denis de onde escreveu as famosas cartas para a sua querida Heloísa, que por sua vez, ficou enclausurada no Convento de Argenteuil.
Podemos ir ao túmulo do decodificador do espiritismo Allan Kardec e, quem sabe, com ele manter mediunicamente, um colóquio sobre o outro lado da vida (ou da morte). Pode-se ainda divagar sobre sobre as fábulas de La Fontaine, que ali também se encontra. Quem preferir pode fazer uma prece aos 147 defensores da Comuna Paris, mortos do Muro dos Federalistas em 1871. Escritores como Victor Hugo, Marcel Proust, Balzac e Oscar Wilde, dentre outros, ali repousam. Dá um pulinho lá antes de habitar, definitivamente, os sete palmos abaixo do chão.
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