João Pessoa, 10 de agosto de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Precisamos de um choque de Educação, com mobilização nacional e o empenho de todos. Com o mesmo fervor que muitos têm quando se trata de causas longínquas, sobre as quais não temos qualquer ingerência, ou causas inúteis, mas que se encontram na moda. Precisamos de uma luta pacífica, mas enérgica para colocar a Educação na pauta do dia, como prioridade, vá lá, prioritária; urgência urgentíssima. Como emergência. Assim como não se faz Justiça com palavreado bonito sobre ela (não é mesmo, Platão?), também não se faz Educação com discursos vazios ou retóricos. Ambas, a Justiça e Educação, necessitam de práticas diárias, constantes, persistentes, obstinadas. Precisamos, pois, da paixão das causas humanitárias, sendo que esta causa humanitária não só se encontra perto de nós, ela faz parte de nosso cotidiano e nós podemos mudar o seu curso, redefinindo sua rota para o caminho da retidão.
Precisamos reformular a Escola, em todos os sentidos, inclusive a remuneração digna, definindo responsabilidades de governantes, professores, pais e alunos, de forma clara; cobrando metas, fiscalizando o porquê de crianças fora da sala de aula. Se agirmos com grande mobilização e um trabalho sério e continuado, poderemos mudar a NOSSA realidade. Deixemos de lado a mania inócua de querer mudar a realidade dos outros. Esforcemo-nos, primeiramente, para mudar a nossa.
Nesse período de eleição, todos os candidatos vão falar de educação, mas será sempre com “e” minúsculo, pois todos os discursos serão meramente retóricos. Precisamos criticar e desmascarar tais discurso, exigindo dos candidatos um plano exequível, detalhado de como o problema vai ser encarado, desde o primeiro dia de governo. Não acreditemos no que se diz no vazio, em promessa ocas de realizações, façamos como a jovem Io, quando interrogou Prometeu sobre o seu futuro. Ela lhe pediu para que ele não procurasse confortá-la com palavras mentirosas, “POIS DIGO SER O MAIS INFAMANTE MAL AS PALAVRAS CONVENIENTES” (Prometeu Acorrentado, versos 685-686).
Se não ficarmos atentos e dispersarmos a nossa responsabilidade com as nossas causas, só ouviremos e só teremos as palavras convenientes. E isto é, sem dúvida, infamante.
Elenco em uma proposta aquilo de que precisamos, para que esse choque de educação transforme radicalmente a nossa realidade:
1. Escolas bem construídas ou bem reformadas.
2. Infraestrutura: biblioteca, ginásio de esportes, teatro, banheiros dignos, armários pessoais, refeitório digno.
3. Alimentação digna.
4. Onze ou doze anos obrigatórios e universal: NINGUÉM fora da escola, entre os 6 e os 18 anos
5. Tempo integral das 08:00 às 16:00
6. Ao menos uma formação técnica, entre as matérias do currículo mínimo, a partir dos 12/14 anos.
7. Engajamento da família com a escola. Se alguém não tem família, caberá ao estado este compromisso.
8. Plano de Carreira do Magistério, com salários decentes.
9. Capacitação periódica dos professores.
10. Estabelecer com clareza as funções e obrigações dos docentes e discentes, com avaliações necessárias e periódicas.
11. Segurança dentro e no perímetro da escola.
12. Atendimento médico-hospitalar.
São apenas algumas medidas. Outras poderão vir. Gostaria de ver algum candidato se pronunciar de modo concreto sobre isto, dizendo, por exemplo, como vai fazer, quando vai começar, por onde vai começar e de onde vai sair o dinheiro. Retórica vazia e alusões genéricas já existem o suficiente.
Chega de descaso com a Educação! Queremos Escola, não esmola. Precisamos nos fazer ouvir, dizendo alto e em bom que a diferença entre uma coisa e outra não se resume a um fonema, mas reflete o que queremos como sociedade justa e igualitária.
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TURISMO - 19/12/2024