João Pessoa, 22 de agosto de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Acho que todos vocês sabem qual é a realidade nas cadeias do Brasil. O sujeito que acaba de ser preso entra na cela botando moral, dizendo que faz e acontece e os presos mais antigos só observando. Quando o recém-chegado dá uma bobeira vão lá e “cráu” nele.
Dá-se o mesmo na política brasileira. Governos de esquerda e de direita ao assumirem o poder vem com toda setenta, prometendo que a partir de então será diferente, que vão moralizar e coisa e tal…. Enquanto esperneiam para a opinião pública a turma antiga, que hoje é conhecida como Centrão (mas que já foi conhecida como Blocão e às vezes nem precisou de nomes para agir), fica só esperando a hora certa e… “cráu”, né?
São políticos de direita em sua quase totalidade, eleitos com recursos do establishment e votos comprados na hora certa. Se vocês não acreditam, relembrem quem foram os apoiadores de todos os governos brasileiros de 1988 até hoje. Facilmente identificarão as mesmas caras com as mesmas práticas.
Lembro que nesta última eleição presidencial o tal Centrão reuniu-se sob o comando de Rodrigo Maia para decidir quem apoiar. Num determinado momento em que discutiam o apoio a Ciro Gomes, alguém levantou a questão ideológica. O candidato exigia um nível mínimo de comprometimento, ao que um eterno Senador do Piauí saiu-se com essa:” – Ideologia? Se ele nos der o Ministério da Saúde eu retribuo com qualquer ideologia que ele quiser”.
Em seu livro “O Leopardo”, meu colega escritor Tomasi de Lampedusa foi profético: “Tudo deve mudar para que tudo fique como está”. O Brasil e o Centrão são os exemplos perfeitos disso. Nem vou falar dos conchavos que o Centrão sempre operou a partir do salseiro que aprontou na nossa Constituição. Desde 1988 o Brasil iria mudar. A cada eleição anunciou-se uma mudança, seja para a esquerda ou para a direita. No final sempre mudou-se tudo e os mesmos continuaram mandando.
O leitor pode querer continuar a se enganar o quanto quiser, principalmente se for daqueles eleitores que tem vergonha na cara e um mínimo viés ideológico. Mas no Brasil tanto faz ser de direita ou de esquerda, porque a banda só toca quando o tal Centrão manda. Tem mais, esse pessoal não somente manda a banda tocar; também escolhe a música, os convidados do baile e até quem var “dançar”, como Collor e Dilma aprenderam.
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OPINIÃO - 22/11/2024