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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O amor é um livro

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publicado em 17/10/2020 ás 07h00
atualizado em 17/10/2020 ás 18h45

Sinto que vivemos como se melhor fosse a intuição. Mas nem todos têm. Eu queria escrever sobre o amor, mas sem rima, sem dor.

Vida linear, sem oscilações, sem rompantes e confusões. É tão bom viver em paz. Uma amiga mandou um imêio falando que a melhor coisa é quando uma pessoa chega perto da gente falando de amor.

Vamos imaginar que a relação custo benefício vale mais a pena. O que seria uma relação custo benefício? Cuidado com as palavras. Ou seria diferente, como se a vida estivesse no formato ideal? Qual é o formato ideal?

Bom, se não conseguimos viver esse ideal, que nos permitam uma loucura qualquer. Eu soube que um dia o amor saiu de sua casa, nos Bairros dos Estados, e foi na livraria comprar um livro para seu amor. O amor tem um amor? Com parcimônia, de preferência.

Amor sem se jogar nos braços esquecendo-se de outros cuidados. Isso não vale. Quem ama, cuida. Agora o que não vale é deixar o outro sambando sozinho. Mesmo que vivam juntos, não se deve deixar transparecer o quanto se ama? Como assim? Sim, o fato do ir comprar um livro já é um gesto amoroso.

Vigie as atitudes! O risco de se expor é demasiado e pode botar tudo a se perder de vista. Ah, quem me dera um amor que fosse comprar um livro para mim. Ainda temos livrarias?

Como se quem soubesse que é amado, se aproveitasse da necessidade e da exposição desmedida que o amor traz para quem o sente, mas tome confusão. O amor não gosta de confusão.

Como se fosse tirar vantagens dessa predisposição que impele o outro a querer fazê-lo feliz. Ora, fazer feliz é o quê? Basta um livro, que já mostramos os dentes.

Sinto como se essas formas de amar fossem as proibições modernas. Quais? Ah, o tempo do Tuite, quando eu não pregava o olho. O que tem o Tuite a ver com o amor? Nada. E o Instagram? Coisa nenhuma.
Não deve ser bom viver em ilhas, solitários mas, senhores de si mesmos, quem sabe… Acho isso um papo chato. Incomoda, né?

De que vale ser senhor de si mesmo se não podemos ter a quem contar aquela ideia genial? Eureca! Lembra dela?
De que adianta rimar amor e dor? Para que serve amar se não se pode demonstrar? Qual é o sentido de se ter alguém perto mas, não poder sentir livremente? Malditos valores modernos que fazem alguns pensarem que são autossuficientes. Nunca liguei para isso. Nem te ligo!

Agora, sinto uma necessidade urgente de registrar coisas definitivas, feito tatuagens. Acho esquisito mas me divirto com o amor.

Vou tatuar frases que me soam imutáveis e mutantes – como uma onda no mar. Ai quem me dera ser BuKowsKi (foto), o louco passional.

A vida tem que ser mais simples. E nós, mais desarmados e amados.

Kapetadas
1 – Céus! Fisioterapeuta, assim como jornalista, estão sempre em busca da coluna perfeita.
2 – A verborragia tem cura. Mas não é com palavras.
3 – Som na caixa: “O livro é uma mulher/ Só passa quem souber”, Coimbra, José Galhardo/Raul Ferrão/José Dos Santos

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB