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Jornalista desde 2007 pela UFPB. Filho de Marizópolis, Sertão da Paraíba. Colunista, apresentador de rádio e TV. Contato com a Coluna: [email protected]

Cortina de fumaça

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publicado em 02/07/2013 ás 14h42

O estica e puxa que se trava entre oposição, governo, juristas e legisladores em torno da consensual necessidade de reforma política no Brasil até agora só tem servido para um fim: desviar a atenção do que realmente incomoda e causa indignação aos brasileiros, de Poço José de Moura, na Paraíba, à distante Cruzeiro do Sul, no Acre.

Não é o voto distrital ou a lista fechada, por exemplo, que tornará num passe de mágica o parlamento mais ou menos corporativista, os políticos mais honestos e nem os problemas mais cruciais da vida nossa de cada dia resolvidos. Por isso, a reforma tem que ser associada a uma nova mentalidade de gestão pública dos recursos. Ela, em si mesmo, pouco ou nada mudará as feições do País, na prática.

Porque tão igualmente insatisfeito com a atual representação legislativa, o povo repudia mesmo nas ruas os gastos públicos de um Executivo que via de regra não prioriza os serviços básicos e essenciais à população, sobretudo nas delicadas Saúde e Segurança, áreas que o governo finge cuidar e o cidadão já não finge mais acreditar.

O que a massa das ruas quer saber é se a presidente da República vai enxugar uma máquina que sustenta 39 ministérios só para pendurar partidos aliados em nome da reeleição. A rua protestou contra a inversão das prioridades ao perceber pelos investimentos bilionários da Copa que, quando quer, há dinheiro sobrando e desempenho recorde para acelerar cronogramas.

Por que não o mesmo esforço de guerra para concluir as emperradas obras da transposição do Rio São Francisco, socorro e esperança do Nordeste? Por que falta a mesma vontade política para garantir hospitais funcionando, transporte digno e educação de qualidade? O maior problema do Brasil não está no modelo, mas na forma de governar e legislar. Os agentes políticos é que precisam ser reformados.

Líder –
Mesmo com as obras da transposição a passos de tartaruga, a presidente Dilma Roussef mantém-se no topo da liderança na região Nordeste, com 45% das intenções de voto, segundo a última pesquisa do DataFolha.

Dependência –
A dianteira de Dilma no Nordeste tem uma razão vista a olho nu. É por aqui, onde se concentram os maiores bolsões de pobreza, que reside a faixa do eleitorado mais beneficiada pelas políticas sociais do PT.

Feeling de Ricardo –
Não é a toa que o governador Ricardo Coutinho chegou aonde chegou. A idéia de promover justa homenagem a Hulk, campeão da Copa das Confederações, foi uma jogada certeira do socialista: reforça um grande divulgador voluntário do Estado, estimula o sentimento de paraibanidade e faz um golzinho com o fã clube do jogador.

Exemplo –
“Quando você coloca essa bandeira no ombro e dá a volta olímpica no estádio com ela, demonstra o seu amor pela sua terra”, disse Ricardo, durante o ato solene em que deu a Hulk o título de embaixador da Paraíba.

Orgulho –
“Quem me conhece sabe que onde eu ando levo a bandeira da Paraíba”, registrou o paraibano ilustre de Campina Grande, emocionado no Palácio da Redenção, após desfilar em carro aberto pelas ruas da Capital.

Leite –
Entrevistada pela repórter Adriana Bezerra (Correio Debate/Correio Sat), dona Socorro Vieira, mãe do atacante paraibano, tentou explicar, ao seu modo, o avantajado porte físico do filho: “Ele mamou até os três anos”.

Extremos –
Autor do título de persona non grata a Neymar, acusado de chamar adversários nordestinos de ‘paraíbas’, o vereador Djanilson da Fonseca (PPS) fez questão de ir ao Palácio saudar Hulk, que se orgulha da terra natal.

Barrada –
Entre os políticos e ‘penetras’ que furaram o bloqueio e entraram no espaço reservado do Palácio para tietar Hulk, alguns não tiveram a mesma sorte: foi o caso da ex-vereadora Paula Frassinete, adjunta da Sudema.

Passado misturado –
“As pessoas estavam engasgadas com o estilo antidemocrático do governo anterior, que obrigava as pessoas a ouvir apenas um tipo de música”. Do prefeito Luciano Cartaxo. Crítica a Ricardo, Luciano Agra ou aos dois?

Acanhada –
“Existe uma certa paralisia e timidez na gestão municipal. Falta respostas aos grandes problemas da cidade de João Pessoa”. A observação é de Renan Palmeira (PSOL), ex-candidato a prefeito, criticando a gestão petista.

Sem cartaz –
Sem pestanejar, Cartaxo não quis pisar na casca de banana e ignorou o ataque oriundo de um partido ‘nanico’ para não valorizá-lo. “Eu não vou polemizar com Renan”, respondeu, secamente, o prefeito do PT.

Exceção –
Na edição 2013 do Congresso em Foco, que elege anualmente os melhores parlamentares, o deputado Luiz Couto (PT) ameniza nosso vexame. Mesmo assim, só aparece no quesito combate ao crime organizado.

Por empréstimo –
Na lista geral da seleção feita pelos jornalistas que cobrem o Congresso não há um paraibano entre deputados e senadores de destaque. Deputada por São Paulo, a paraibana Luíza Erundina (PSB) salva a lavoura.

PINGO QUENTE –
“É passar manteiga na venta de gato”. Do advogado Roosevelt Vita criticando a proposta de reforma política anunciada pela presidente Dilma para tentar conter os protestos das ruas.
 

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba, edição de 2/07/2013 (terça)

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