João Pessoa, 31 de outubro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eis é o fenômeno, a presença, o instante. Se você não entende, segue sem quebrar a correnteza. Eis é o bedel e o juiz. Eis é a língua portuguesa, a língua em transe de gozo falante. Eis não é ex. E não é qualquer um.
Eis é a própria palavra em estado de soltura, o sol semântico iluminando a página do computador. Eis o idioma.
Eis é a pessoa viva, a prova dos 9, a chegada, próxima de mim e de você, olhando no olho desse furacão anímico e dizendo: “Eis-me”. Ou talvez, nada.
Eis é a vida bruta e líquida, o que é e está, em contraposição a todos os “anti-eis”, coisas que não existem, como o dinheiro e a expressão “conforme foi dito acima”. Eis o que somos: ficção e simbologia.
Eis o que disse uma senhora, ontem ao telefone: “Vamos todos morrer, K” E eu disse: já morremos. Eis que outra, uma cientista, disse para todo mundo ouvir que sabe mais do que eu. Eu não sei nada(r), mas não morro afogado por ela.
Eis o precedente. Você abre ou fecha? Beira o ridículo o argumento de abrir um precedente, quando alguém pede que se abra uma exceção. Sério que vão privatizar o precedente?
Eis a prerrogativa. Essa é cruel. Na verdade, a pessoa não quer e está usando uma desculpa, porque abrir um precedente é praticamente sinônimo de exceção e as exceções existem para serem abertas, senão não o seriam.
Eis a pessoa, aquela que diz que saber mais que a outra – ela não está a abrir exceções, ou precedentes, ela está dizendo o contrário. Não saber levar em consideração a circunstância e a necessidade do outro, sendo que a regra desconsidera tudo isso. E a regra ainda tem exceção?
Eis o depois e tais circunstâncias que justificam a exceção, mas não se repetirá. Eis a solução – abram exceções, mas não digam que sabem mais que os outros, porque quem sabe, não diz.
Eis a escrita. Escrevo porque quero reconhecer a obviedade do óbvio. Escrevo porque quero desconhecer a obviedade do óbvio. Escrevo porque não preciso de um precedente.
Ei, você, que sabe que mais que eu, poderia me emprestar uma frase, de um ensaio filosófico? Digamos, essa: “Quem não sabe o que busca não identifica o que acha”. É de Kant (foto) Eis o esclarecimento Kantiano.
Eis a carícia semântica. Acaricie as palavras “capacidade”, “receber” e ” transmitir”, fazendo movimentos com as mãos, de modo que ao amaciar as palavras, elas fiquem tenras.
Eis o silencio. Eis a insonia. Ao despertar, a surpresa: encontrará palavras calmas, descansadas, dizendo coisas desse tipo: “O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo”. É de Nietzsche.
Eis o realismo, eis o Éden, com seus bêbados no estranho retorno dos espantos Fitzgerald, Bukowski, Steinbeck, Raymond Carver, Faulkner, Poe e Hemingway.
Cedo. Verbo ou advérbio, cada um tem sua vez. E priu.
Kapetadas
1 – Se você ainda está reclamando de ficar em casa de chinelo, com comida, água na torneira e internet, você não entendeu o precedente.
2 – Você se torna eternamente responsável por aquele irresponsável que elegerá em novembro. #pequenoK
3 – Som na caixa: “Como na palavra, a palavra, palavra estou em mim”, CV.
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TURISMO - 19/12/2024