João Pessoa, 27 de novembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Parcerias econômicas na atualidade

Comentários: 0
publicado em 27/11/2020 ás 06h21

O Canadá é o segundo maior país em superfície do mundo, atrás apenas da Rússia, segundo a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC). O Canadá é localizado na América do Norte e é composto por dez províncias (Colúmbia Britânica, Alberta, Saskatchewan, Manitoba, Ontário, Quebec, Nova Brunswick, Nova Escócia, Ilha do Príncipe Eduardo e Terra Nova e Labrador) e três territórios (Yukon, Territórios do Noroeste e Nunavut). A população total do Canadá é estimada em 37 milhões de habitantes. E a capital canadense é Ottawa, localizada na província de Ontário.

A moeda oficial é o dólar canadense e o PIB per capita é de aproximadamente de US$ 47 mil. Em 2019, o PIB canadense foi de US$ 1,7 trilhão, integrando a lista dos dez países mais ricos do mundo (FMI, 2020). A décima maior economia do planeta tem imensos recursos naturais como petróleo (a terceira maior reserva mundial), gás natural, urânio (um dos maiores produtores do mundo), ouro, prata, níquel (o maior produtor global), cobre, zinco (o maior produtor mundial), carvão, entre outros.

No Canadá a agricultura mecanizada produz trigo, batatas e frutas. A pecuária fornece carne suína, carne bovina e leite aos mercados interno e externo. A indústria pesqueira, de alumínio e de papel e celulose (o maior produtor do mundo) são muito estruturadas. O turismo canadense foi muito afetado com o novo coronavírus. As montanhas, os lagos, os rios, as florestas, as ilhas e as praias são grandes atrações turísticas para os turistas internacionais e nacionais. As principais cidades turísticas são Toronto, Montreal, Quebec, Vancouver, Calgary, Ottawa, Winnipeg, Halifax, Banff e Victoria – uma das cidades mais bonitas do belíssimo Canadá e a capital da British Columbia (BC).

O IDH do Canadá é de 0,922, o décimo terceiro maior do mundo, segundo os dados de 2018 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A vida é melhor no Canadá, o primeiro lugar no ranking do IDH de 35 países na América. A esperança de vida ao nascer é de 82 anos (PNUD).

O comércio bilateral entre Brasil e Canadá atingiu US$ 5,76 bilhões no ano de 2019, com saldo positivo para o Brasil de US$ 2,38 bilhões (CCBC, 2020). O Brasil é a 16ª nação de destino das exportações do Canadá no ano de 2019, com 0,38% do total, liderada pelos Estados Unidos (75,38%) e a China em segundo lugar com 3,98%. O Canadá é o nono lugar no ranking do fluxo mundial de investimento estrangeiro direto (IED), com US$ 50,3 bilhões em 2019, conforme a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Já o Brasil encontra-se em quarto lugar com US$ 71,9 bilhões em 2019, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Cingapura.

O Brasil exporta açúcar, café e ouro para o Canadá. As dez províncias canadenses já exportam para o Brasil produtos como adubos, fertilizantes, medicamentos, papel e aeronaves. O Canadá é 14º país de destino das exportações brasileiras, liderada pela China, em seguida, pelos Estados Unidos. Desde 1973, a CCBC promove intercâmbio comercial, cultural e tecnológico entre o Brasil e o Canadá (CCBC, 2020).

A relação de comércio entre os dois países continentais foi fortalecida com a realização da III Reunião do Diálogo de Parceria Estratégica Brasil-Canadá (ITAMARATY, 2020), em Ottawa, sendo 2018 um ano que marcou um superávit comercial para o Brasil. Especificamente, o Brasil é o maior parceiro comercial do Canadá na América do Sul, e é também, um dos maiores mercados de exportação canadense no continente americano, atrás dos EUA e do México.

É importante destacar que a criação de acordos comerciais para países emergentes como o Brasil é essencial para a previsibilidade e a estabilidade em um ambiente de negócios em esfera no cenário internacional e é um facilitador para a introdução de produtos nacionais em mercados internacionais. Diminuição de barreiras não-tarifárias, ganhos de escala e inserção nas cadeias de valor agregado são uns dos muitos benefícios em parcerias comerciais na atualidade.

Destacamos que, recentemente, em 15 de novembro de 2020, 15 países fecharam o maior acordo comercial do planeta. O Regional Comprethensive Economic Partnership (RCEP, sigla em inglês) consiste nos 10 países membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã, mais 5 países, China, Coreia do Sul, Japão, Austrália e Nova Zelândia. O RCEP tem um PIB nominal de US$ 26,2 trilhões, o que representa 30% do PIB global e uma população total de 2,2 bilhões de habitantes, ou seja, 30% da população mundial. O RCEP movimenta US$ 5,4 trilhões no comércio exterior.

Destacamos também que, no dia 21 de novembro de 2020, foi fechado um acordo comercial transitório entre o Reino Unido e o Canadá, com o objetivo de proteger o fluxo de US$ 27 bilhões em bens e serviços entre os dois países anglo-saxônicos, após a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit (FORBES, 2020). Reforçando que o contexto atual, é um dos mais propícios para novos acordos comercias que estimulem a economia, e possibilitem a geração de emprego e renda para diminuir os graves impactos econômicos causados pela pandemia da COVID-19.

Vale lembrar também que, infelizmente, a pandemia do novo coronavírus provocou mais de 354 mil casos e mais de 11 mil mortes no Canadá (UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS) e umas das maiores quedas do PIB canadense, uma taxa anualizada de 38,7% no segundo semestre de 2020 (STATISTICS CANADA). A projeção do FMI é uma recessão econômica de 7,1% no Canadá em 2020.

Diante de um possível Acordo de Livre Comércio entre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) (foto) e o Canadá, nos próximos anos, as parcerias comerciais eliminariam as tarifas de importação no comércio internacional de bens entre a Argentina, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e o Canadá. Além do impacto do acordo, iniciaria uma nova fase de abertura das fronteiras para o comércio sul-americano e canadense. Chama muita atenção que o continental e bilíngue Canadá é um dos 15 países menos corruptos do planeta (Transparência Internacional, 2019) e tem um imposto único sobre o consumo, o Imposto sobre o Valor Agregado (IVA).

Um dos principais destinos de investimento brasileiro no exterior é o Canadá, a terceira maior malha ferroviária do mundo. A Bolsa de Valores de Toronto movimentou US$ 3 trilhões em valor médio de mercado no ano de 2019 (TSX). A maior parte dos investimentos brasileiros no território canadense estão no setor de mineração. O Brasil é a sétima maior fonte de capital estrangeiro direto e os investimentos do Canadá, no solo brasileiro, se concentram nas áreas de engenharia civil, mineração e tecnologia.

Para suprir a forte queda no PIB canadense, a produção de indústrias como automobilística, construção civil, petroquímica e siderúrgica aumentaram seu ritmo de fabricação. A área de TI é muito forte e é a que apresenta maior crescimento no País. O Brasil é um dos players do agronegócio global e precisa exportar mais commodities como café, açúcar, suco de laranja concentrado e congelado, carne de frango e frutas para o Canadá, conforme a utilização dos Incoterms. Além de exportar mais produtos industrializados como calçados, toalhas, plásticos, bolsas, chapéus e cachaça.

O multicultural Canadá é um país membro do United States-Mexico-Canada Agreement (USMCA), G7 e G20, além de outros organismos internacionais como o FMI e OCDE. Os principais indicadores do Canadá (6,7% da Terra) e do Brasil (5,7% da Terra) confirmam, sem surpresas, a importância do comércio exterior para o crescimento econômico das nações, sejam elas, emergentes ou desenvolvidas. Em suma, o Brasil e o Canadá têm vastos territórios, enormes recursos naturais, grandes ecossistemas e as sociedades são multiculturais e as economias baseadas no livre-comércio.

Nota – O presente artigo de economia internacional foi elaborado a quatro mãos, pelo colunista (Paulo Galvão Junior) e pela bacharel em Ciências Contábeis no UNIESP, Victórya Gomes. O principal objetivo é examinar as parcerias econômicas na atualidade, em especial, as relações bilaterais entre o Brasil e o Canadá, em plena Quarta Revolução Industrial.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB