João Pessoa, 30 de novembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A jovem estudante Margarida, consumida pelo tédio que costuma acometer jovens estudantes em sala de aula, suspirou, mentalmente: “…se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse por outra!”
Comparada ao aborrecido relato do personagem de Mário Quintana (“Pequenos tormentos da vida”) acima transcrito, a atual proibição de aulas teóricas presenciais se assemelha a uma distopia. Que o digam as hordas de jovens em idade escolar e universitária ansiosas pelo retorno à experiência que parecia apática e sem fim para Margarida.
Grandes catástrofes humanitárias têm o condão de pôr as situações em perspectiva. Ou, ao menos, dar-nos novas perspectivas sobre as nossas experiências habituais. O ensino particular, de forma geral, emerge da pandemia com novas perspectivas mercadológicas, gerenciais e metodológicas.
Os alunos do ensino superior passaram a aceitar mais a Educação a Distância, conforme secundam pesquisas do Educa Insights e da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior). A escola virou ao avesso, dando aos pais a perspectiva que apenas seus filhos tinham. Os professores, verdadeiros heróis, superaram os próprios limites tecnológicos e entraram em contato com as dificuldades dos alunos nessa área.
A contemplação de outras perspectivas dos alunos e a aproximação virtual são oportunidades para que escolas e universidades construam ou fortaleçam, doravante, uma relação colaborativa com os alunos e outras partes interessadas (família, empregadores, professores, funcionários). Essa constante interação permite que as Instituições entendam melhor o que os alunos buscam ao contratar os seus serviços, bem como favorece a constante avaliação e adaptação dos serviços prestados às necessidades das partes interessadas.
Sob o prisma da geração de valor, a proibição legal de aulas presenciais se encarregou de reduzir um aspecto do ensino valorizado pelos alunos – a convivência social (fazer networking, criar laços, estar com amigos).
Nessa mesma perspectiva, quando insistem na postura de distanciamento em relação ao cliente, algumas instituições educacionais particulares elevam o que deveriam reduzir (quantidade de horas de aula online, em alguns casos) e criam atividades que não agregam valor, a exemplo da virtualização de atividades que só fazem sentido presencialmente e da contratação de bibliotecas virtuais, com milhares de livros irrelevantes para a formação da maioria dos alunos.
Em jeito de conclusão, a pandemia permite que o gestor educacional revisite os propósitos e as estratégias institucionais, a partir de novas perspectivas. Cremos que a capacidade de identificar e de se adaptar rapidamente às necessidades (declaradas e não declaradas, existentes e futuras) dos clientes será um dos mais importantes diferenciais competitivos das Instituições educacionais da livre iniciativa.
*Texto dedicado à Professora Margarida Cavalcante, (foto) educadora por vocação, rebelde por natureza, eterna aprendiz, por ocasião do seu aniversário.
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TURISMO - 19/12/2024