João Pessoa, 07 de dezembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ulisses (Odisseu, em grego) naufragou na ilha da ninfa Calipso. Em cativeiro, o herói aqueu teve relação amorosa com a belíssima ninfa por sete anos. Após mais essa “provação”, Ulisses foi libertado e retomou sua jornada para sua pátria, seu filho Telêmaco e sua casta esposa Penélope.
As privações de liberdade atingem as pessoas de formas diversas. Enquanto os lockdowns trouxeram fome a inúmeros brasileiros, para outros, a restrição à liberdade mais se assemelhou à vida de Ulisses nos amplos salões, bosques e jardins naturais da ilha Ogígia.
No âmbito da educação superior, os decretos estaduais, municipais e judiciais impõem as mesmas restrições a todos os alunos. Contudo, alunos com acesso a equipamentos e a softwares mais atualizados tendem a galgar melhor desempenho do que os menos afortunados.
Da mesma forma, estudantes com ambiente domiciliar apropriado para estudos – situação mais comum em famílias mais abastadas – tendem a performar melhor do que aqueles que residem em espaços menos generosos. Muitos outros aspectos acentuam as desigualdades em desfavor dos menos favorecidos.
Em que pesem os esforços que serão empreendidos pelos docentes no sentido de superar déficits acadêmicos, o prejuízo aos menos privilegiados tende a se agravar, caso as autoridades persistam na proibição às atividades de educação presencial no ano vindouro.
Em suma, as instituições de educação superior e seus alunos estão, como Ulisses, navegando ao sabor dos interesses dos políticos e sindicatos de professores. Esses empregam a astúcia dos heróis e a bílis dos deuses para sobrepor seus objetivos ao interesse público, a despeito do eminente prejuízo àqueles que afirmam proteger.
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