João Pessoa, 10 de dezembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sempre despertou minha curiosidade a origem dos nomes de famílias. E quando numa dessas famílias se destaca um membro com talento poético, fico a imaginar como tudo começou. Me lembrei do Olavo. Sim, o parnasiano Bilac (1865-1918).
O pai do poeta era o médico carioca Brás Martins dos Guimarães, que um ano antes de sua formatura requereu ao diretor da Faculdade de Medicina que mandasse acrescentar em seus assentamentos o nome “Bilac”. Não se sabe ao certo de onde ele o tirou, se tem alguma origem estrangeira ou se foi invenção sua. O certo é que naquela época havia uma reação nativista e antilusitana, tanto que por conta disso surgiram muitas famílias como os nomes de Ibiapina, Aroeira, Jatobá, Araripes, Tibiriçás, Muricis e tantas outras. E assim foi batizado o bardo carioca Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, que também ficou conhecido por ter esnobado o nosso poeta maior Augusto dos Anjos.
O fato se deu quando Orris Soares caminhava pela rua do Rio de Janeiro em companhia de um amigo e encontrou o poeta Olavo Bilac que, percebendo tristeza no semblante de ambos, indagou o que tinha acontecido. Orris então falou que o Brasil acabara de perder um grande poeta chamado Augusto dos Anjos, Bilac não o conhecia e pediu para que recitasse um poema dele. Após ouvir a declamação do soneto “Versos a um coveiro”, Bilac respondeu: Era esse o poeta? Fez bem em morrer. Não se perdeu grande coisa”.
Devido a Bilac (foto) o juiz e poeta Hermance Pereira, quase levou uma sova de um marido ciumento quando este leu no WhatsApp da esposa o soneto fescenino “Delírio” e foi com ele tomar satisfações. Hermance esclareceu que o soneto era de Bilac, e o marido em cólera, perguntou: “Mora aonde, esse safado?” Está no livro “Ambientes e Criaturas”.
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