João Pessoa, 13 de junho de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A política paraibana é pródiga em paixões e relações conturbadas. É um maremoto de emoções, onde vez em quando amor vira ódio e o ódio aqui e acolá cede lugar para a convivência em nome da tal sobrevivência e projetos de poder. Por isso, as alianças aqui são trocadas sem a menor cerimônia.
No final da década de 90, um casamento que prometia vida longa no Palácio da Redenção terminou numa separação total das duas bandas do PMDB paraibano. Algumas primaveras passaram e os laços entre Cunha Lima e Maranhão jamais foram reatados. Separação de bens e de corpos.
Em 2004, o então deputado Ricardo Coutinho e o então senador José Maranhão deixaram divergências de lado, se juntaram num casamento de conveniências e ganharam a Prefeitura de João Pessoa. No primeiro ciclo nupcial, o PMDB de Maranhão experimentou a primeira decepção e foi trocado por uma chapa puro sangue.
Em 2008, mesmo com o seu partido tendo candidato à Prefeitura, o então governador Cássio Cunha Lima flertava com Ricardo, reeleito por maioria estrondosa. Em 2009, com o aliado Maranhão no Governo, Ricardo, de olho no Palácio, sai da ‘casa’ e aprofunda a paquera com Cássio, já sem mandato, mas dono de atrativo capital.
Os dois noivam e casam vencendo a dura eleição de 2010. Em 2012, a relação Luciano Agra e Ricardo vai à lona. O governador preferiu o dote de Estela Bezerra. Agra se juntou a Luciano Cartaxo e vingou a “troca”. E agora, pela prévia dos namoros e escapadas de 2013, o ano de 2014 promete divórcios e novos casórios. Se na vida é uma exceção, na política o ato de ‘casar’ por interesse é uma regra.
Das grandes–
“Foi somente uma coincidência”. Do deputado e líder da oposição na Assembléia, Anísio Maia (PT), sobre a completa ausência de toda a cúpula petista da solenidade de filiação de Luciano Agra ao PEN, anteontem.
Representante–
O presidente estadual do PT, Rodrigo Soares, discorda de quem diz que não havia um petista no evento do PEN. Ele designou Valdir Nóbrega, da Secretaria de Finanças. Culpa de quem não notou o ‘famoso’ Valdir por lá.
Estratégia em aberto–
Como a Coluna previu, quando decidiu pela filiação ao PEN Agra brecou o interesse pela disputa ao Governo. Ontem, ele deixou claro que não tem obstinação pela vaga. “Eu quero ser uma opção entre os partidos que querem construir uma oposição de verdade. Ninguém pode chegar dizendo o que quer ser”. Só sabe que quer figurar na majoritária.
Fantasma–
Do leitor Milton Guimarães ([email protected]) sobre o artigo de ontem. “Li ‘Duro de matar’ e que eu saiba ninguém até agora quis matar Agra. Ele tentou se matar”, contestou em referência a carta-renúncia.
Pra faturar–
O leitor não vê consistência na opção pelo PEN: “Na Paraíba só predominam dois partidos: PSDB e PMDB, e tudo mais são coadjuvantes. De Agra querem tirar uma ‘casquinha’ e usá-lo contra o adversário maior”.
Ideologia–
“Ele se juntou com as maiores contradições que possam existir”. Do presidente do PSB de João Pessoa, Ronaldo Barbosa, sobre a decisão de Agra (ex-PT e PSB) se filiar numa legenda que abriga de Wilson Braga a Toinho Sopão.
Promessa–
Assim que Agra ingressou no auditório do Hotel Ouro Branco, no Encontro do PEN, o presidente estadual do PSDB, Ruy Carneiro, abordou o ex-prefeito com um largo sorriso e uma frase: “Eu não disse que vinha”.
Homenagem–
O prefeito Romero Rodrigues (PSDB) abdicará da remuneração pelo período da licença de 14 dias que possibilitará a ascensão do vice Ronaldo Filho, gesto que vivificará a memória do pai e poeta durante passagem no cargo.
Rílex–
O líder Hervázio Bezerra (PSDB) se diz tranqüilo e preparado para a votação em plenário dos vetos de Ricardo à MP do Reajuste. Mesmo que sejam todos derrubados, a o quesito constitucionalidade barrará os efeitos.
Impressão–
Setores do governo sussurram ‘avaliação positiva’ sobre a decisão de Agra optar pelo PEN. Consideram que a não filiação do ex-prefeito ao PT só embaralhou ainda mais a oposição. Não se sabe se a avaliação é sincera.
Volta–
O ex-prefeito Marcus Odilon (PSD) admitiu ontem o retorno do seu filho e ex-deputado estadual Quinto de Santa Rita (PSD) à política, disputando novamente uma vaga na Assembléia. “E por que não”, indaga Marcus.
Por tabela–
Aliás, pelo o que se diz em Santa Rita, os desencontros da embrionária gestão de Reginaldo Pereira (PRP), adiada por 40 anos, serão o maior cabo eleitoral de Quinto. Detalhe: o ex-deputado sempre apostou nessa tese.
Opção pessoal–
O deputado Assis Quintans é aliado do senador Cássio (PSDB) e filiado ao DEM, partidos que votarão em Aécio Neves, mas já avisou ao parceiro e ao seu partido: seu candidato atende pelo nome de Eduardo Campos.
PINGO QUENTE–“A Paraíba não pode ser uma salsicha”. Do ex-prefeito Luciano Agra dizendo que o Estado está se espremendo entre o desenvolvimento de Pernambuco e Rio Grande do Norte.
*Reprodução do Correio da Paraíba, quarta 12/06/2013
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