João Pessoa, 15 de dezembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O ano não foi só difícil. Ou penoso. O ano foi bastante complexo, para se definir em uma única palavra. Certamente, por isso, o Dicionário Oxford,(foto) o mais importante em língua inglesa, não se arvorou a escolher a palavra do ano para 2020, como vem fazendo há muitos anos.
Ao contrário, considerou que, o mais genuíno nesse ano, e sem precedentes, foi a hipervelocidade com que o mundo anglófono acumulou novos vocábulos coletivos relacionados ao coronavírus, e como ele rapidamente se tornou, em muitos casos, “uma parte essencial da língua” falada ou escrita, a partir de março.
Assim, os editores preferiram marcar essas mudanças, ao longo do ano, detalhando as palavras mais importantes em certos meses, com base em picos de uso. “Incêndio florestal” em janeiro, quando a Austrália sofreu sua pior temporada de incêndios já registrada. “Absolvição”, em fevereiro, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, viu seu processo de impeachment ser encerrado.
A partir de março, a pandemia não deu lugar mais para ninguém, desde o aparecimento do novo coronavírus, dominando a língua com “Covid-19”, uma palavra completamente nova, registrada pela primeira vez em 11 de fevereiro; “lockdown” (confinamento), “distanciamento social” e “reabertura”.
A indefinição por uma palavra refletiu a inquietação e incertezas que vivenciamos todos nesse período, para além dos anglo-saxões. O Brasil ofereceria muitas outras, se acaso fosse chamado para contribuir. Queimadas, resistência, Pantanal estiveram em alta em determinados momentos. Tem uma, entretanto, que não poderia faltar: politicagem. Seja nos obrigando a realizar uma eleição, a sair de casa para votar em candidatos num momento que não queríamos; seja pela vergonhosa utilização, vinda de todos os lados, da pandemia, em benefício próprio, financeiro ou político. Nenhum gesto solidário de poderosos.
Se perguntarmos a cada um, ouviremos, principalmente de quem perdeu parentes, empregos, negócios, de quem sofreu as consequências da Covid-19, que, tudo que arde e que dói, ficara guardado para esse ano de 2020. Pelo simbolismo , talvez, o Collins cravou sua escolha em .”Lockdown” (confinamento). Prisão. Isolamento e solidão. Foi esse o saldo do maior ataque que as gerações vivas conheceram nessa pandemia.
Espero que 2021 tenha como palavra-chave vacina. Que tenhamos o fim da pandemia ou seu controle mais global possível. Que voltemos a nos encontrar. E Encontro seja a outra palavra a ser escolhida. Para que possamos conviver, festejar e sermos felizes, sem tantos senões escritos em nossas máscaras, e diariamente apagados com álcool gel. Foram tantas palavras…
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TURISMO - 19/12/2024