João Pessoa, 18 de dezembro de 2020 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Hoje, eu trago para vocês o belíssimo depoimento da Professora Maria das Neves Franca (Professora Nevita) que está no prefácio do meu livro “Os longos olhos da espera”, (foto) publicado esta semana pela Lura Editora. Confesso: Fiquei emocionado.
“Caro Prof. Chico Leite:
Li e reli incontáveis vezes as suas “Histórias Nuas do Sertão”. O cotidiano ganha cor e peso na sua escritura, meu amigo, o simples recebe a magnitude que lhe é devida. Peço desculpas por não ter dado notícias até hoje. Vivo dias difíceis e sei que pode compreender. Que seu livro seja logo partejado por essa sua incrível capacidade de investir no sério, no grave, no profundo, com inteligência e sensibilidade raras. Bom humor também.
Seu texto é notável. É a revelação da grandeza e da riqueza de uma vida “mequetrefe” que você soube recriar e ressignificar com a sua capacidade inventiva, com a sua coragem, sua força, seu olhar simples dirigido às coisas naquilo que elas são. Você não é um observador de fora, descreve o que vê, fala do que está ao seu alcance, no sentido de conhecimento íntimo, de vivido.
Mas nessa restrição cuidadosa ao seu universo individual, não descamba para o subjetivismo romântico; essa percepção secreta dos tesouros que se escondem abaixo ou acima do que é familiar, corriqueiro e banal são, para mim, simples e entusiasmada leitora , os aspectos mais bonitos de seu texto.
Aquele garoto “franzino e tímido”, típico “ beradeiro”, é, no dizer de Machado de Assis, o pai do homem que você é hoje, essa figura querida e admirada, esse talentoso e sagaz puxador de alfenins de outra ordem, que o tornam o consagrado rei das gamelas do magistério.
Algumas histórias me tocaram de modo especial. O casamento de Dedé… a carta esperada do filho… a foto da escola… a moral sertaneja com gosto de céu…. Sobre isto conversaremos pessoalmente. Receba meu abraço afetuoso. E meu agradecimento pelo envio do seu escrito.
Entendo que a vida só se cumpre plenamente e com intensidade na dimensão do interesse verdadeiro: Inter-esse, ser entre, ser no inter, ser entre as coisas e sem enfraquecer… Hoje, tudo cai no domínio do interessante! Numa busca insistente e superficial de coisas e relações que propiciem o interessante imediato.
Interesse pressupõe a lúcida compreensão de que se é sempre no inter, de que a existência se processa no entre, entre dor e prazer, encantos e desencantos, vitórias e derrotas, alegrias e adversidades, lágrimas e sorrisos, projetos e realizações, cantochões de cassandras e cânticos de sereias.
Suas memórias são um convite à coragem para a vida, para a persistência na tessitura enigmática de que se constitui o real, para a insistência no interesse vital, no ser entre que caracteriza a existência humana e que se faz o grande desafio de todos nós.
Obrigada pelos momentos prazerosos que me concedeu com suas histórias. Eu também considero “ser brega, as vezes, uma necessidade da alma”. Por isso, sem mais delongas, termino com a breguice de uma modesta e honesta confissão: sou sua fã, professor!
Maria das Neves Franca”
PS. Caso queira conhecer esse livro e outros, veja neste link: https://linktr.ee/FranciscoLeite Se desejar o livro físico, mantenha contato com o autor.
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