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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

O invejoso

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publicado em 01/01/2021 ás 11h25

“A inveja é como beber veneno e esperar que a outra pessoa morra”

(Carrie Fischer).

Se há um tipinho asqueroso de gente, esse bichinho amargurado é o invejoso. Ele nada cria, nem copia, nem transforma. É um ser rabugento em estado constante de ebulição mental que lhe consome a vida, um ser esforçado para apequenar os feitos alheios, já que, dele mesmo, não há algo digno de nota.

O invejoso é um frustrado, porque o seu agir termina por divulgar as conquistas alheias, que tanto quer aviltá-las. Frustra-se.

O invejoso é um ressentido, porque seu riso é sarcástico, e sua alma é cínica. Ressente-se.

O invejoso é um fingidor, porque precisa de uma pessoa invejável que, de algum modo, possa contrapor-se à sua (dele) insignificância. Finge.

É triste a vida de um invejoso.

Há de ser sutil, quando suas tripas ardem em brasa, como o magma que avança pela cratera do seu vulcão interno.

Há de ser exagerado em elogios em relação à pessoa invejada, quando a sua mente desmente o que a sua língua sibilante vocifera.

O invejoso é um alienado, porque o espelho para o qual olha nada lhe acrescenta. Aliena-se.

O invejoso é um complexado, porque sua inferioridade é o palco da sua vida. Diminui-se.

O invejoso é um ser autodestrutivo, porque seu mau-caráter logo se torna evidente. Autodestrói-se.

É triste a vida de um invejoso.

Há de portar uma segurança onde só há desditas.

Há de atirar ao alto, mas o tiro só cai no próprio pé, porque é uma pessoa tóxica.

O invejoso é um sofredor, porque é um competidor fracassado. Sofre.

O invejoso é um dissimulado, porque está na espreita da vida de outrem, disfarçando a bondade. Dissimula.

O invejoso é um imbecil, porque se vangloria da sua arte de destruir. Imbeciliza-se.

É triste a vida de um invejoso.

Há de desdenhar as conquistas alheias à custa de uma corrosão interna que lhe come o fígado.

Há de se mostrar candidamente educado, mas é um mau-caráter.

Caro invejoso, cuide-se! Você é uma pessoa. Isso não lhe basta?

Ah! Antes que o ano acabe: Feliz 2021! E ofereço, com o maior apreço, este poeminha do contra de Mario Quintana: “Todos esses que aí estão/ Atravancando meu caminho,Eles passarão… Eu passarinho!”

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