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Médico. Psicoterapeuta. Doutor em Psiquiatria e Diretor do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba. Contato: [email protected]

Não bastam as desigualdades?

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publicado em 05/01/2021 ás 05h41
atualizado em 05/01/2021 ás 06h45

Vou me posicionar, outra vez, ao lado das mulheres. Dessa vez, como psiquiatra. Porque me dói. Entristece-me constatar que o que a ciência médica, a psiquiatria e disciplinas afins já sabem, há tanto tempo, continue sendo ignorado por autoridades judiciárias e fazedores de leis.

Acho válido quando movimentos de mulheres denunciam o machismo, quando ocorrem casos de estupro. Mas, aqui, quero diferenciar os estupradores contumazes. Alguém já viu um estuprador ser “curado” na prisão? Um monstro que, repetidamente, ameaça a vida de suas vítimas e a subjuga aos seus desejos sexuais, ou as mata. Especificamente aqui, não é um ser humano igual aos outros.

Então, me digam, se esse indivíduo apresenta uma Personalidade Psicopática. Transtorno dos seus impulsos sexuais, e se seu prazer se consolida ao dominar uma mulher e submetê-la aos seus recônditos desvios de caráter; como conceder a ele possibilidades como “saidinha” de Natal, ano novo, seja lá do que for? Quantas mulheres são violentadas por esses mesmos delinquentes que deveriam estar sob contenção de grades de ferro; voltam `para as ruas? Psicopatas não sentem culpa, não se compadecem de suas vítimas, quer sejam estupradas, aviltadas ou mortas.

Será que imaginam que ele irá ter relação sexual com alguém que ele conquistou? Todos sabem que não. E por que os soltam? Será que não acreditam que há um desvio? Que há um desejo prevalente de escamotear os princípios que norteiam relações afetivas ou sexuais entre seres humanos? Como é que se ofusca essas possibilidades e os mandam para “casa”, expondo mulheres a serem vítimas de violência por parte deles?

Foi assim que a corretora de imóveis, chamada para mostrar um apartamento a um suposto comprador, quase perde a vida; ameaçada que estava por um sujeito e uma faca. Lutou. Saiu com tendões das mãos rompidos, cheia de ferimentos, e, milagrosamente, escapou da sanha assassina do estuprador.

Ninguém se responsabiliza? Como assim? Se as ciências psiquiátricas e psicológicas sabem que isso é o mais provável de acontecer? Têmis, (foto) esposa e conselheira de Zeus, deusa da justiça, é representada cega, para demonstrar sua imparcialidade. Nunca, para não ver o que a ciência aponta. Um estuprador contumaz não tem cura, senhores da justiça. Ele repetirá seu ato quantas vezes tiver oportunidade. Portanto, não os libertem. Protejam as mulheres brasileiras. Chega!

E quando voltarem ao convívio social, depois de cumprir a pena, que seja monitorado. E que a justiça e órgãos policiais, nunca mais tirem os olhos deles. Assim fazendo, certamente estarão livrando tantas mulheres da morte, da violência, de um estresse pós-traumático, ou um trauma incurável de um estupro. Por favor, repito, protejam as mulheres brasileiras. Não bastam as desigualdades?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB