João Pessoa, 20 de novembro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A Igreja da Inglaterra rejeitou nesta terça-feira (20) a possibilidade de permitir que mulheres sejam sagradas bispas, num assunto que há anos causa divisões internas.
Após horas de debates no Sínodo Geral, um "poder legislativo" composto por câmaras separadas de bispos, clérigos e leigos, a proposta de reforma ficou ligeiramente aquém da maioria necessária – dois terços nas três casas. "Ela passou nas câmaras dos bispos e do clero, mas perdeu na câmara dos leigos", explicou o arcebispo de York, John Sentamu.
Algumas sacerdotisas sentadas nas galerias enxugaram lágrimas depois que Sentamu leu os resultados. Na votação entre os leigos, faltaram quatro votos.
"É esmagador para o moral, clérigas graduadas devem se sentir desanimadas, e a maioria dos bispos e a maior parte do clero masculino e feminino se sente enormemente triste, e pior do que triste, constrangida e irada", disse Christina Rees, membro do Sínodo e ex-presidente do grupo Mulheres e a Igreja. "As bispas virão, mas essa é uma demora desnecessária e nada santa", disse ela à agência de notícias Reuters.
Mulheres já são bispas anglicanas na Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, mas a Igreja da Inglaterra, igreja-mãe dos mais de 80 milhões de anglicanos do mundo, enfrenta uma forte disputa entre reformistas e tradicionalistas a respeito dessa questão.
A Igreja já havia aprovado em princípio a presença de mulheres entre os bispos, mas a votação de terça-feira, tratando de questões levantadas por teólogos conservadores, era necessária antes que a medida entrasse em vigor.
O resultado será um desafio para Justin Welby, que substituirá Rowan Williams neste ano como arcebispo de Canterbury e líder espiritual dos anglicanos. Ambos apoiavam a reforma.
"Quanta energia queremos despender nisso na próxima década e até que ponto queremos vincular a extraordinária energia e as habilidades do novo arcebispado?", disse Williams ao implorar ao Sínodo que votasse pela aprovação.
Graham James, bispo de Norwich, disse que os atuais bispos a Igreja, que apoiaram fortemente a proposta, vão se reunir na quarta-feira para analisar os próximos passos.
Ele admitiu que as mulheres, que compõem cerca de um terço do clero, poderão se sentir como sacerdotisas de segunda classe. "Acho que há um sinal e disposição por parte de muitas pessoas neste Sínodo de encontrar a legislação que permita que isso vá adiante. Espero que não leve muitos anos até que isso surja".
Reutrs
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