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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

As diversas pontas da verdade: “tome a vacina, porra!”

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publicado em 22/01/2021 ás 08h07

É libertador saber que não existe a verdade. “A verdade tem muitas pontas” (Nosso romance “O pequeno Davi”) e varia segundo a perspectiva em que está ancorada. Isso quer dizer que, sob um determinado referencial, a verdade que julgamos ter ou possuir pode apresentar-se em outra configuração, que se opõe a essa tal verdade que imaginávamos.

Mas, que ideia perigosa, talvez não verdadeira! Sim, tudo comporta um talvez bem grandão, do tamanho do relativismo que pode se instalar no juízo da gente. A única verdade bem verdadeira é um lugar comum: “Só sei que nada sei” (Sócrates). E isso perdurará por todos os tempos do universo. Ah! Uma outra verdade verdadeira: o princípio da incerteza de Heisenberg (1901-1976 foto), que só confirma a verdade socrática.

Calma, não se espante! Não é preciso ser tão pessimista assim. Não haver verdades definitivas não elimina a existência de verdades provisórias nem o dever de tomar vacinas. Espero que essa verdade console a vaidade humana tão passageira, contida em um frasco pequeno cheio de tempo curto. Conforme-se! É com esse tipo de verdade que vivemos o dia a dia. Tome a vacina, porra!

Nem pense em questionar o que dissemos sob o argumento de que isso é conversa fiada, abstrações grosseiras, passatempo de desocupados. Eu provo. Provar, provar, não, porque as provas não provam verdades absolutas, é um paradoxo, compreende? Se é verdade que Tício matou Mévio, essa verdade não será tida como tal, se uma verdade formal não se estabelecer dentro de um processo judicial. Eis aí que as verdades dependem dos pontos de vista, dos procedimentos, de uma quina de mundo, para se firmar e para enganar os desavisados que pensam que irão se transformar em jacaré, caso tomem a vacina chinesa. Bem, para quem já se transformou em gado, tudo é possível nessa nossa realidade distópica.

Quer mais prova? Você, que não é cientista, já viu o vírus da Covid 19? Não, não é? Mas, isso não lhe dar o direito de negar a doença provocada por esse monstro assassino. Não se espante, você sabe o que é ilusão ótica? Imagine-se dentro de um espelho de mil faces, cada uma revelará para você uma faceta que pode ser verdadeira ou mentirosa, ou o contrário, se vista sobre a lente da outra face de vidro mais grosso ou de cor diferente.

Claro que você, acostumado com sua velha opinião feita de ferro e fogo, não se convence com esses exemplos feitos de retórica e falácias. Eu poderia fornecer um exemplo definitivo, desses insculpidos nas grandes verdades reveladas, mas, como além da Bíblia, também existe o Alcorão, ou outras palavras reivindicadas como divinas, eu silencio. Esse exemplo definitivo deixarei que você descubra por si mesmo. Por ora, preciso perguntar: você acha que é possível algo sair antes de ter entrado? Ou, mesmo sem ser Deus, estar, ao mesmo tempo, em mais de um lugar? Não acredita? Vai estudar mecânica quântica, macho!

É, meu caro, o ato de medir afeta o objeto medido (Jorge Luís Borges).

Em tempo: Tome a vacina, porra!

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