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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]
Marcos Pires

Uma lei para nossas Lilas

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publicado em 27/02/2021 ás 08h10
atualizado em 27/02/2021 ás 08h17

Nunca compreendi como alguém pode deixar de adotar uma criança ou mesmo apenas fazer doações a orfanatos para dedicar seu tempo, amor e dinheiro a um animal de estimação. Sempre me pareceu absurdo, além do fato dos animais serem imundos e às vezes violentos.

Um dia eu acordei praticamente invalido, com dores terríveis que umas hernias de disco provocavam. Foi uma lenta recuperação. Durante seis meses quase não conseguia andar. Ficava sentado ou deitado o dia inteiro e obviamente em grande parte do tempo estava só, porque as pessoas ao redor tinham que sair para trabalhar, fazer compras, exercitar-se… .

Mãe Leca deixava ao meu lado uma Maltês branquinha, quietinha, que ficava me observando com seus olhos compridos. Eu jamais havia chegado perto de qualquer animal vivo (só recentemente uma moreia arrancou um pedaço do meu pé). Com os dias me atrevi a fazer um carinho na cadelinha. Pra quê? Ela rodou o rabo e aproximou-se. Cada vez que me via balançava o rabo e chegava mais perto. No começo, constrangidamente, eu passava a mão em seus pelos. Alguns dias depois me atrevi a suspendê-la do chão e senta-la ao meu lado no sofá. Ficava encostadinha enquanto eu lia ou assistia TV. Com o tempo surpreendi-me sentindo sua falta. Foi quando compreendi a hierarquia do coração de mãe Leca. Primeiro Lila, depois os filhos Van-Van, Felipe e Nilo e, last but not least, lá na rabeira estamos eu e a secretária Jó disputando um honroso quinto lugar.

Tudo isso para dizer que eu apoio totalmente os projetos de lei que pretendem liberar a presença de pets em restaurantes e outros que tais, DESDE QUE sigam determinadas condições, como por exemplo vacinação, cadastro, área reservada e demais providencias que venham a garantir aos consumidores que não tem a felicidade de gostarem de animais, o seu direito ao isolamento.

Mas vamos aos números. O Brasil é o segundo maior mercado mundial de pets, só perdendo para os EUA, num faturamento mundial que ultrapassa os 130 bilhões de dólares. Imaginem quantos empregos a atividade gera.

Porém todos os dados são fichinha perto do calor de um olhar de Lila (foto) quando nos reencontramos. Não adianta discutir essa emoção com quem nunca a experimentou; infelizmente nem todos podem ser felizes como nós, não é mesmo?

Gostaria apenas que os amigos que pensam como eu divulgassem ao máximo esta mensagem para que esses projetos de lei sejam aprovados e possamos levar nossos pets aonde formos.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB