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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Pelo amor de Deus

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publicado em 02/03/2021 ás 06h20
atualizado em 02/03/2021 ás 07h55

Se o primeiro passo é um tropeço; o segundo, leva ao tombo. O terceiro, é burrice. Se errar é permitido (até desejável), já não podemos dizer que estamos no mesmo barco. Alguns continuam valentões. O Brasil está agonizando.

No conjunto da ópera, (e não temos ópera, a não ser a do Malandro), o erro deixa um gosto amargo. Ouvi no rádio a agonia de pessoas conduzindo seus pais com mais de 80 anos esperando 4 horas na fila da morte, para serem vacinadas. Onde foi isso? E importa?

A recriação da vida dentro do espaço cubículo em que estamos, poderia compor uma experiência sensorial provocativa, até estúpida, mas já jogamos muita bosta na Geni. Nossas mãos estão apodrecidas, conservadas num álcool 70, mesmo com todo o ar de deja vu, estamos assistindo o país desmoronar.

Tudo se perde em esperanças espalhadas pelo lixo, porcarias de coisas sem sentido, mas parece um presépio eterno. Se você tem uma ideia incrível; não tente ter outra, please, salve-se.

Ainda por cima ou por baixo, há um sinal de esfacelamento, diante do cruzamento de braços do poder, que já se mostra feio ou já era feio e sabia (nem tudo precisa ser belo, ok, mas…), sem proporção, sem solução, sem terra à vista. Estamos em longas estadias infernais, que nem Rimbaud (foto), o génio indomável, imaginaria tamanha fogueira.

Médicos gravam muitos áudios ou enterram seus pacientes, políticos expõem covardias pelas redes e não sobra nada no Panorama.

Nada parece mais triste que o Brasil agonizando. Agora, qual é a razão de colocar sua gente ameaçada?

É de uma obviedade irritante o número de pessoas nas ruas sem máscaras, bem maior do que o número de mortos pela Covid. Agora há um problema político aí e não há mais ninguém para apresentar saídas. Um chamariz para o caos? É mais e mais do mesmo e do mesmo e do mesmo e do mesmo etc.

O jogo continua. Roupas fúnebres – sacos pretos de lixo brilhantes, que não se relacionam de forma poética com meu texto. Não são apenas os mortos que estão nessa exposição. Que discurso hermético e ideológico se tem para salvar o nosso país?

Agora me digam, porque as pessoas dizem tanto: “Pelo amor de Deus”.

Kapetadas
1 – Se o patinho feio fosse rico a estória seria outra.
2 – Sabe o que cairia bem agora? O preço da vacina.
3 -Som na caixa -“Eu vejo o futuro repetir o passado”, Cazuza.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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