João Pessoa, 06 de março de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
entrevista exclusiva

Zélia Duncan vê situação “lamentável” no Brasil

Comentários: 0
publicado em 06/03/2021 ás 12h02
atualizado em 07/03/2021 ás 21h13

Kubitschek Pinheiro/MaisPB
Fotos: Pedro Colombo 

Zélia Duncan acaba de lançar nas plataformas “Minha Voz Fica”, álbum que abre as comemorações dos seus 40 anos de carreira. O disco homenageia a compositora matogrossense radicada em São Paulo, Alzira E (de Espíndola). O projeto completa uma trilogia em homenagem a São Paulo, (para onde, inclusive, Zélia acaba de se mudar), de compositores malditos da paulicéia como Itamar Assunção e Luiz Tatit. Alzira E segue essa verve auxiliada por parceiros como os poetas Arruda, Alice Ruiz e o próprio Itamar Assumpção.

O convite para gravar o álbum veio de Marcio Debellian (que é cineasta, diretor do documentário “Fevereiros de Bethânia”, e do DJ Zé Pedro, criadores do projeto Joia ao Vivo, que produz álbuns a partir de encontros artísticos. Este é o 4º disco do projeto. Dando suporte a Zélia, um talento da nova geração: Pedro Franco, gaúcho de 29 anos, que no disco toca violão, baixo, guitarra, bandolim e violino. A produção musical é de Ana Costa.

O repertório, quase todo, já foi gravado por Alzira. As inéditas são “O Que Me Levanta A Saia”, com Alice Ruiz, “Solidão”, com Lucina, “Sonhei”, com Arruda, e fechando o repertório, “Fica”, letra de Zélia. Entre os 12 temas ainda temos: “O que é que eu fiz de mal” e “Mesmo que mal eu diga”, ambas parceria de Alzira com Itamar Assunpção e “Cheguei”, de Alzira e Tiganá.

A própria Zélia explica no texto de apresentação que esse álbum é fruto de dois sonhos que conseguiu juntar. Cantar Alzira E e cantar com o músico Pedro. Ou seja, como ela mesma confessa – ‘a obra de Alzira E sempre esteve em minha lista de desejos’.

O disco foi gravado no estúdio Lab Oi Futuro e integra o projeto Joia ao Vivo com patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro. O álbum já está disponível em todas as plataformas digitais desde fevereiro.

Com quase trinta discos lançados entre autorais e participações, songbook e outros projetos, Zélia começou a cantar profissionalmente no início dos anos 80, e sua estreia como solista aconteceu em 1987 no Botanic, no Rio de Janeiro, quando ainda adotava o nome artístico Zélia Cristina. Em 1990 lançou pela Eldorado o LP “Outra Luz”, mas, insatisfeita, passou um semestre nos Emirados Árabes, cantando em um hotel.

Em conversa com o MaisPB ela fala do novo disco, do projeto Zélia 40 anos, anuncia um novo disco autoral que já está pronto, para o segundo semestre e diz que é “repugnante “ o que está acontecendo com o Brasil.

MaisPB – Como é fazer 40 anos de carreira ultrapassando o gargalo de uma pandemia sem fim?
ZD: É paradoxal, como têm sido tantas coisas nesse tempo de dúvidas e receios. Eu estou feliz em comemorar 40 anos de carreira, porque meu caminho é suado, trabalho muito e vivo do que amo fazer. Isso é uma vitória. Me manter com vontade, realizando coisas que acredito, é algo para se comemorar. A pandemia e a maneira como estamos passando por ela, é devastador.

MaisPB – O álbum “Minha Voz Fica”, ao lado do violonista Pedro Franco, (foto com ela) apenas com canções de Alzira E, é uma homenagem ao talento da compositora do Mato Grosso do Sul?
ZD: Certamente, uma homenagem a esta obra linda, que é muito mais do que o disco. No álbum, damos uma prévia, um recorte do que espera os que procurarem seu trabalho.

MaisPB – O disco sai dentro do projeto Joia ao Vivo, com curadoria de Marcio Debellian e DJ Zé Pedro. E é 4º disco do projeto, que tem patrocínio da Oi e foi gravado no estúdio Lab Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Vamos falar desse projeto?
ZD: Acho que você já falou tudo, é exatamente isso. Acho que os curadores do projeto, Marcio Debelian e Dj Zé Pedro podem falar melhor.

MaisPB – Esse disco é todo fruto da pandemia?
ZD: Não. É um projeto anterior à pandemia que tinha sido adiado e conseguimos gravar finalmente em novembro.

MaisPB – No segundo semestre, Zélia vai lançar um disco repertório autoral e prepara outras novidades para celebrar o aniversário de carreira. Esse trabalho já está a caminho?
ZD: Sim, está em processo de mixagem e este sim, foi todo composto e produzido durante esses meses de isolamento de 2020. Um disco pop, todo feito com Juliano Holanda, artista pernambucano. Estamos muito emocionados com tudo. Um disco feito à distância, em meio a tantas incertezas, um documento dos nossos sentimentos. Deve sair até junho!

MaisPB – Vez em quando você aparece no Instagram e manda seu recado. Você costumar usar muito as redes sociais?
ZD: Sim, procuro usar a favor do diálogo e da divulgação do meu trabalho.

MaisPB – Como você analisa o país, quase todo quebrado e com a estupidez de pessoas tomando a vacina na frente das outras?
ZD: Isso é repugnante. Lamentável ver que existem tantos brasileiros sem nenhuma noção de respeito e cidadania. Provavelmente são os mesmos que se dizem “de família”.

MaisPB – Zélia ainda tem muito chão pela frente. 40 anos são bons resultados da sua arte, não é?
ZD: Espero que sim!