João Pessoa, 27 de maio de 2013 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
De João Pessoa à Cachoeira dos Índios. Não é novidade que a esmagadora maioria das câmaras municipais reza na cartilha dos respectivos prefeitos. A prerrogativa constitucional de independência fica só no papel. Na prática, o preceito da harmonia entre os poderes ultrapassa desavergonhadamente o mandamento magno.
A harmonia é tanta que o Legislativo vira a cozinha do Executivo. Vereadores se postam como serviçais do prefeito num grande banquete de interesses. Na mesa, o gestor se refestela com a liberdade de devorar o dinheiro público e quem deveria ser fiscal do povo recebe em troca os sobejos do poder como paga da omissão e conivência.
Não é caso só da dependência fisiológica tão comum em pequenos municípios, onde os parlamentares exercem muito mais o papel assistencialista do que o mister da atividade legislativa. A Câmara da Capital, pra citar o primeiro exemplo, é tão agachada quanto o Parlamento de Bernardino Batista, pequena cidade no extremo oeste.
Em Campina Grande, a oposição foi achatada mesmo antes do prefeito Romero Rodrigues tomar posse e reduziu-se à quase nada. Muito menos pela reconhecida habilidade do tucano e mais pelo apetite adesista. Em João Pessoa, nem se fala. Até os vereadores do PSDB, partido que fez toda sorte de acusação contra o PT na campanha passada, estão confortavelmente abrigados no guarda-chuva da Prefeitura.
De Cabedelo à Cajazeiras, o apoiamento dos vereadores aos governos municipais raramente passa pela absorção de idéias, programas de gestão e pactos públicos em nome de causas e conquistas coletivas. Nessa relação, o pragmatismo das motivações chega a ser constrangedor. Para o povo, é claro, porque constrangimento é palavra que não se encontra no dicionário das negociatas políticas.
Operação–
Aguinaldo Ribeiro (PP) está na lista dos ministros indicados por suas respectivas bancadas que serão convocados pelo Planalto para amansar colegas de partido na Câmara inclinados ao apoio à CPI da Petrobrás.
Indigestão–
Além do deputado paraibano, Moreira Franco e Toninho Andrade, ambos do PMDB, serão chamados a explicar o motivo de tanto apoio de suas legendas à instalação da ruidosa CPI. Vão ter que reverter o quadro.
Roseana: missão cumprida–
Nem a decepção com o prefeito Luciano Cartaxo (PT) pela quebra de compromisso provoca arrependimento à ex-secretária Roseana Meira. Responsável pela resistência que levou o despetalar do coletivo girassol em 2012, a farmacêutica se diz convicta de que o governador Ricardo Coutinho precisava passar pela “lição” da derrota.
Ausência–
O ex-prefeito Luciano Agra era presença aguardada pelo cerimonial da Prefeitura na abertura da Conferência Municipal das Cidades, encerrada ontem. Agra preferiu cumprir agenda de visitas a bairros periféricos.
Sumiço–
Foram várias ligações, mas no final das contas o vice-prefeito Nonato Bandeira (PPS) também não deu o ar da graça no evento comandado por Cartaxo na Estação Ciência. Ao que consta, não teve agenda no mesmo horário.
Marcha ré?
Muita gente em Sousa ficou com a pulga atrás da orelha pela ausência do vice-prefeito José Célio (PSC) à plenária do Orçamento Democrático, após adesão ao governador. Nem o presidente do PSB local soube explicar.
Fora do baralho–
Pelos sintomas captados pela Coluna, Agra não trabalha e nem morre de amores pela tese de compor a vaga de vice na chapa do ex-prefeito Veneziano Vital, apesar dos repetidos acenos do peemedebista nesta direção.
Stress–
“Enquanto eles se preocupam, nós continuamos tranqüilos”. De Veneziano Vital, para quem setores governistas externam reiterado “nervosismo” diante dos movimentos das possíveis candidaturas oposicionistas ao Governo.
Incenso–
Da vez que passou pelo Alto Sertão, no outro final de semana passado, o presidente estadual do PSB, Edvaldo Rosas, pescou adesões de várias lideranças. Qual é a rosa do perfume usado por Edvaldo para trair esses apoios?
Pé na frente–
O paraibano Lindbergh Farias, senador pelo Rio de Janeiro, vai aumentar as passadas para correr e garantir a candidatura ao governo e vencer Luiz Fernando Pezão, nome apoiado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB).
Trocadilho–
Em conversa no cafezinho do Senado com Lindergh, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) brincou com o nome de seu provável concorrente na eleição fluminense: “Você vai ganhar essa eleição com o Pezão nas costas”.
Mordomia–
Levantamento baseado na Lei de Acesso à Informação mostra que o Senado da República abriga uma elite de servidores públicos bem remunerados. Um garçom, por exemplo, pode ganhar salário de até R$ 17 mil.
DNA–
Novo diretor presidente da PBGás, Franklin Araújo Neto será empossado hoje, às 9h30, pelo governador Ricardo. No primeiro instante, o senador Cássio Cunha Lima declinou de fazer indicação, mas pelo visto mudou de idéia…
PINGO QUENTE–“Eu estou muito bem”. Do deputado Frei Anastácio (PT), após cirurgia e previsão de alta em 15 dias, para frustração dos que alimentaram expectativa de licença do parlamentar.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024